Exposições de higiene nas relações germano-latino-americanas

Maio/2022

Certificado de honra pela participação do Instituto Oswaldo Cruz na Internationale Hygiene-Ausstellungen 1911

No século XX, diversas exposições e museus de higiene surgiram no mundo com o objetivo de promover a educação sanitária através da exibição de objetos e imagens, bem como fazer propaganda dos países participantes. Esse fenômeno estava ligado à experiência da modernidade e ao surgimento da bacteriologia, quando diferentes cidades foram higienizadas com o objetivo de combater doenças e epidemias urbanas.

No artigo De Dresden para o mundo: imagens das relações do Museu Alemão de Higiene com a América Latina, 1911-1933, publicado na atual edição da revista HCS-Manguinhos (v. 29, n.1, jan/mar 2022), o historiador Pedro Felipe Neves de Muñoz analisa imagens do Museu Alemão de Higiene de Dresden e de suas exposições internacionais, problematizando o intercâmbio científico transatlântico através da popularização da medicina e das relações norte-sul. O autor promove um diálogo com a história transnacional e global, a história visual e a chamada biografia dos objetos museológicos.

Disponível na íntegra em inglês, o artigo é produto de uma pesquisa mais ampla sobre aquele museu e as relações germano-latino-americanas nas décadas de 1910, 1920 e 1930, desenvolvida desde outubro de 2019 por Muñoz, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na condição de visiting
scholar do Departamento de História do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Livre de Berlim, dirigido pelo professor Stefan Rinke. A pesquisa analisa o lugar da América Latina nas atividades internacionais do Museu de Higiene de Dresden e nas exposições internacionais de higiene.

Segundo Muñoz, por trás do internacionalismo e da educação higiênica nas imagens das exposições de
higiene em Dresden e na América Latina, aconteceram intensas negociações diplomáticas com objetivos
científicos, econômicos e propagandísticos. O artigo conta a história da busca pelo convencimento das populações nacionais acerca das prescrições médicas em matéria de higiene, bem como da venda e circulação de objetos e coleções museológicas e do uso de eventos internacionais para divulgação do progresso dos países participantes e de seus produtos nacionais. Nesse contexto, o autor analisa o intercâmbio global do Museu de Higiene de Dresden e sua articulação com a diplomacia cultural exterior da Alemanha na República de Weimar (1918-1933) e as relações germano-latino-americanas.

A história tem como ponto de partida o grande sucesso da Exposição Internacional de Higiene em Dresden de 1911, idealizada e presidida pelo industrial alemão, Karl August Lingner (1861-1916), evento que atraiu cientistas do Brasil, Argentina, México e Cuba entre as delegações estrangeiras. Publicado na seção Imagens, o artigo traz fotografias históricas e de ótima qualidade.

Leia na revista HCS-Manguinhos:

De Dresden para o mundo: imagens das relações do Museu Alemão de Higiene com a América Latina, 1911-1933, artigo de Pedro Felipe Neves de Muñoz (HCS-Manguinhos, v. 29, n.1, jan/mar 2022). Leia o artigo na íntegra em inglês.

Leia no blog internacional de HCS-Manguinhos:

http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/english/the-german-hygiene-museums-relations-with-latin-america-1911-1933/

Leia também na revista HCS-Manguinhos:

Dossiê Brasil – Alemanha: relações médico-científicas (HCS-Manguinhos, v. 20, n. 1, 2013)

E ainda no Blog de HCS-Manguinhos:

Conexão Brasil-Alemanha
Cooperação espontânea marca a relação científica entre os dois países no início do século 20

Germanofilia de Rocha Lima marcou sua ‘persona’ científica
Para André Felipe Cândido da Silva, o cientista não ficou famoso por causa da sua ligação com a medicina germânica inclusive durante o nazismo.

Rocha Lima: germanofilia e intercâmbio científico
Promotor das relações médico-científicas entre Brasil e Alemanha na primeira metade do século XX, ele teve sua postura política questionada

Pai da eugenia no Brasil ficou obscuro na história
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Se é Bayer…
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Os inimigos invisíveis do império alemão
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Brasil: paraíso ou inferno
No artigo “Insalubridade, doenças e imigração: visões alemãs sobre o Brasil”, Karen Macknow Lisboa investiga escritos de viajantes alemães envolvidos com a questão imigratória desde o contexto do Império alemão até a ascensão do nazismo e o III Reich.

Cooperação científica do Brasil com a França e a Alemanha entre 1919 e 1940 é tema de estudo
Magali Romero Sá investiga diferenças nos relacionamentos com os dois países

Pontes continentais?
As teorias do cientista alemão Hermann von Ihering são discutidas em artigo de Maria Margaret Lopes e Irina Podgorny

Diplomatas no laboratório
Projeto investiga o intercâmbio científico entre o Brasil e a Alemanha nazista