As mulheres no movimento eugênico brasileiro

Janeiro/2025

Que papel tiveram as mulheres no movimento eugênico brasileiro?

Tese de Ítala de Oliveira apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia em 1927

Tese de Ítala de Oliveira apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia em 1927

A participação feminina na eugenia brasileira e os discursos médicos sobre as funções sociais dos sexos no início do século XX, com destaque para a produção de duas mulheres, Ítala de Oliveira e Eunice Kehl, é o tema de Thayná Soares de Almeida Vieira, doutoranda em História das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, na nota de pesquisa Em Benefício Dos Filhos De Amanhã: Participação Feminina na Eugenia Brasileira (1918-1936), publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 31, 2024).

A eugenia, entendida como a ciência da hereditariedade humana, trabalhou em prol de uma disciplinarização dos papéis de gênero através de um discurso científico supostamente neutro, objetivo e racional. No Brasil, esse movimento se pautava no desejo de retirar o país de um atraso civilizacional e de transformar o Brasil em um país fundamentalmente de trabalhadores saudáveis. Nesse sentido, enquanto geradora da criança que viria a ser o “futuro da nação”, as mulheres eram uma parte importante nesse projeto de modernização através de proles sadias e do suposto aprimoramento racial, fazendo ser fundamental se pensar a respeito do gênero no contexto de disseminação de políticas eugênicas.

Entretanto, apesar de muito se falar sobre como a eugenia focalizou nas mulheres, um aspecto da sua história que ainda é pouco explorado é a participação das mulheres no movimento eugênico. Por meio da análise da produção de duas mulheres, a médica Ítala de Oliveira e Eunice Kehl, esposa do principal nome da eugenia no país, Renato Kehl, o artigo de Thayná trata da centralidade da questão de gênero dentro do movimento eugênico brasileiro e da participação feminina na eugenia brasileira. A autora argumenta que as mulheres não foram apenas objetos da eugenia, mas também, em alguns casos, agentes desse movimento, desempenhado um papel ativo na sua promoção e criando uma eugenia voltada para as mulheres, com uma dimensão pedagógica e de popularização através da tentativa de formação de uma consciência higiênica e eugênica.

A autora mostra quais os discursos utilizados para persuadir as mulheres acerca do ideal de mulher eugênica e da necessidade de elas criarem seus filhos dentro dos preceitos eugênicos. Outro ponto relevante no ensaio é a questão da educação sexual – tópico frequente entre as mulheres envolvidas no movimento eugenista, pois era considerada como questão de saúde de importância nacional.

Leia na íntegra:

Em Benefício Dos Filhos De Amanhã: Participação Feminina na Eugenia Brasileira (1918-1936), nota de pesquisa de Thayná Soares de Almeida Vieira (História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 31, 2024)