Dezembro/2022
Estrela-do-mar: insígnia de participante português do 12º Congresso Internacional de Zoologia, 1935. Fonte: Fundo Museu Nacional de História Natural e da Ciência / Arquivo Histórico dos Museus da Universidade de Lisboa.
Realizado em Lisboa, Portugal, em 1935, o 12º Congresso Internacional de Zoologia tem sua memória material guardada no Arquivo do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa.
As pesquisadoras Maria de Fátima Nunes e Elisabete Pereira, do Instituto de História Contemporânea da Universidade de Évora, investigaram as potencialidades da “biografia” dos objetos científicos no museu que viraram a memória concreta daquele evento: a estrela-do-mar – marca gráfica usada como imagem oficial do Congresso nos materiais – e as caricaturas de zoólogos de renome internacional presentes ao Congresso, que mostram como a ciência e a cultura artística se casavam na estética modernista dos anos 1930.
Na nota de pesquisa Materialidades e cultura científica transnacional dos objetos: o 12º Congresso Internacional de Zoologia, Lisboa, 1935, publicada na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 29, n. 3, jul-set/2022), as pesquisadoras, integrantes do Projeto Transmat, contextualizam o discurso científico traduzido nos objetos em circulação num espaço público na Europa globalizante da década de 1930.
Segundo as autoras, a estrela-do-mar e as caricaturas fazem parte de um discurso científico e intelectual de resiliência na ditadura portuguesa, no contexto do Estado Novo português, inaugurado, constitucionalmente, em 1933 – marco da ascensão ao poder do ditador Salazar.
Martha Geiringer (1912-1943) por António Teixeira Cabral. Fonte: Fundo Museu Nacional de História Natural e da Ciência / Arquivo Histórico dos Museus da Universidade de Lisboa
Entre as caricaturas, destaca-se a de Martha Geiringer (1912-1943) por António Teixeira Cabral. A zoóloga participou do Congresso de 1935 em Lisboa como representante do Biologische Versuchsanstalt der Akademie der Wissenschaften, de Viena, Áustria. Poucos anos depois, em 1943, a jovem cientista morreu no campo de concentração de Auschwitz, condenada pelo nazismo por sua origem judaica.
O texto das historiadoras Maria de Fátima Nunes e Elisabete Pereira faz parte do dossiê Cultura material da ciência ibero-americana, que compõe esta terceira edição de 2022 da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos.
Leia na revista HCS-Manguinhos:
Materialidades e cultura científica transnacional dos objetos: o 12º Congresso Internacional de Zoologia, Lisboa, 1935, nota de pesquisa de Maria de Fátima Nunes e Elisabete Pereira (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 29, n. 3, jul-set/2022)
Saiba mais:
Cultura material da ciência ibero-americana em dossiê na revista HCS-Manguinhos
Pesquisadores escrevem sobre a produção, circulação e intercâmbio de coleções, artefatos e saberes em gabinetes, museus, jardins, instituições de ensino e pesquisa científica da América Latina e da Península Ibérica é o objetivo deste dossiê, segundo as editoras-convidadas Carolina Valenzuela e Maria Gabriela Mayoni
