Março/2016
Água e emprego é o tema da edição de 2016 do Relatório Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em nome da ONU Água. O relatório mostra que 78% dos empregos que constituem a força de trabalho mundial são dependentes dos recursos hídricos. A Unesco estima que mais de 1,4 bilhão de empregos, ou 42% do total da força de trabalho mundial, são altamente dependentes dos recursos hídricos. Entre os setores mais atingidos estão a agricultura, indústria, silvicultura, pesca e aquicultura, mineração, o suprimento de água e saneamento, assim como quase todos os tipos de produção de energia. Esta categoria também inclui empregos em áreas como cuidados de saúde, turismo e setores de gestão de ecossistemas.
Também foi estimado que 1,2 bilhão de empregos, ou 36% do total da força de trabalho mundial, são moderadamente dependentes dos recursos hídricos. São setores para os quais a água é um componente necessário em suas cadeias de valores, como construção, recreação e transporte.
Desde os anos 80, a captação de água doce tem aumentado mundialmente em cerca de 1% ao ano. Além do aumento da demanda, as mudanças climáticas são uma ameaça à disponibilidade de recursos hídricos. “A urbanização acelerada e o aumento dos padrões de vida, o aumento da demanda por água, alimentos e energia de uma população mundial em constante crescimento, inevitavelmente, levarão à criação de postos de trabalho em determinados setores (por exemplo, tratamento municipal de águas residuais) e à perda de postos de trabalho em outros”, diz o relatório.
A produção de energia, por exemplo, como um requisito para o desenvolvimento, possibilita a criação de empregos diretos e indiretos por todos os setores econômicos. Segundo a Unesco, o crescimento no setor de energia renovável leva ao crescimento do número de empregos verdes e independentes de recursos hídricos. “Podemos dizer que a geração de energia eólica e solar já cria mais empregos do que a de fonte convencional”.
Segundo o relatório, cerca de 2 bilhões de pessoas necessitam de acesso a melhor saneamento. O texto afirma que investimentos em saneamento e em água potável de qualidade fomentam o crescimento econômico, com altos índices de retorno. A Unesco recomenda que cada país, conforme a sua base de recursos, potencialidades e prioridades, identifique e promova estratégias específicas e coerentes, bem como planos e políticas para alcançar o equilíbrio ideal entre os setores da economia e gerar o melhor resultado possível de empregos decentes e produtivos, sem comprometer a sustentabilidade dos recursos hídricos e do meio ambiente.
Fonte: Agência Brasil/EBC
Leia em HCS-Manguinhos:
Edição Oceanos e mares: histórias, ciências e políticas (vol.21 no.3 , jul./set. 2014).
Um esquecido marco do saneamento no Brasil: o sistema de águas e esgotos de Ouro Preto (1887-1890), Fonseca, Alberto and Prado Filho, José Francisco do. Mar 2010, vol.17, no.1
O povo das águas pretas: o caboclo amazônico do rio Negro, Santos, Fernando Sergio Dumas dos. Dez 2007, vol.14
Los circuitos del agua y la higiene urbana en la ciudad de Cartagena a comienzos del siglo XX, Casas Orrego, Álvaro León. Oct 2000, vol.7, no.2