Outubro/2015
Fundamentos básicos da sabedoria chinesa antiga, o Yīn e Yáng tornaram-se populares no ocidente nas últimas décadas, mas não é fácil para os ocidentais absorverem os conceitos que eles representam. O artigo O movimento Yīn e Yáng na cosmologia da medicina chinesa, de Bernardo Diniz Coutinho e Pérola Goretti Sichero Dulcetti, publicado nesta edição de HCS-Manguinhos (v. 22, n. 3, jul/set 2015), discute como se desenvolveu essa linha de pensamento e a sua abordagem de diagnose e terapêutica.
Yīn e Yáng são utilizados pela medicina chinesa para descrever o estado dinâmico de equilíbrio dentro e fora do corpo, nos órgãos e funções e nas relações com o meio ambiente. Para uma existência saudável, é necessária uma alternância harmoniosa entre esses dois aspectos opostos e complementares. A perturbação dessa harmonia resulta em enfermidade.
No modelo chinês tradicional, busca-se entender o fenômeno da desarmonia na vida do indivíduo, tendo-se a noção de que o corpo não está isolado, mas em ressonância com o universo. Nesse modelo, cultiva-se a saúde, e aos pequenos sinais de perturbação, busca-se a prevenção por meio do incentivo ao autoconhecimento, da percepção do estado de saúde e da promoção de hábitos de vida saudáveis.
Segundo os autores, a medicina chinesa, embasada pela cosmologia taoista, vem sendo praticada no Ocidente com base na fundamentação científica e no paradigma biomédico, o que leva ao abandono de alguns de seus elementos tradicionais essenciais para o entendimento do processo saúde-doença.
“O paradigma biomédico apagou o processo intermediário entre a causa e o efeito do estado de saúde-doença, desenvolvendo seu pensamento no conceito dualista de normal ou patológico, que se preocupa mais com a doença e o diagnóstico do que com o doente e o cuidado. À medida que a concepção dualista do processo saúde e doença limita o adoecimento a problemas da máquina humana, como sendo passíveis de resolução pela biotecnologia químico-cirúrgica por intermédio da incorporação de alta tecnologia e medicalização, criam-se barreiras no processo de anamnese e exame clínico, que vão interferir na relação do terapeuta com o paciente. Esse cuidado interventor retira a autonomia do sujeito no processo de construção da saúde e promove sua dependência pela atuação profissional e pelo uso de medicamentos”, escrevem.
Leia em HCS-Manguinhos:
O movimento Yīn e Yáng na cosmologia da medicina chinesa, artigo de Bernardo Diniz Coutinho e Pérola Goretti Sichero Dulcetti (v. 22, n. 3, jul/set 2015)
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Yīn e Yáng: a harmonia vital na cosmologia chinesa. Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. [viewed 7 October 2015]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/yin-e-yang-a-harmonia-vital-na-cosmologia-chinesa/