Março/2021
No início da década de 1930, um filho das elites tradicionais de São Paulo, o jornalista Hermano Ribeiro da Silva, prestou homenagem a seus ancestrais ao se converter no que seria a encarnação moderna do bandeirante. Mas como atualizar o mito dos desbravadores e traduzir as “glebas bárbaras do Brasil central” em plena Era Vargas? Quem pergunta e também responde é Luciana Murari, professora do Programa de Pós-graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Segundo ela, Ribeiro da Silva foi bem-sucedido em seu tempo pois as duas narrativas de viagem que publicou repercutiram positivamente entre os leitores de livros dedicados a “assuntos brasileiros”, linha editorial característica dos anos 1930. Hoje, entretanto, não há estudos dedicados a esses livros ou a seu autor – lacuna que a professora ajuda a preencher com a publicação, na revista HCS-Manguinhos, do artigo “As glebas bárbaras do Brasil Central”: os sertões de Mato Grosso e Goiás nas narrativas de viagem de Hermano Ribeiro da Silva, 1935-1936 (v. 27, n. 4, out./dez. 2020).
Luciana Murari conta que o jornalista chegou ao sertão em busca de ouro e diamantes, pretendendo fazer fortuna nos garimpos. Não obteve sucesso, mas nutriu uma obsessão pelos territórios do interior de Mato Grosso e Goiás, e passou a escrever sobre eles.
De acordo com a historiadora, apesar de não ter formação científica, o sertanista criou e difundiu sua própria leitura da situação social, econômica, geográfica e etnológica do Brasil central. “A obra de Hermano aponta para a tradição dos relatos de viagem exploratória e traz algo de novo ao gênero ao incorporar teorias científicas, linguagem jornalística e abordagem sociológica”, afirma.
Leia em HCS-Manguinhos:
“As glebas bárbaras do Brasil Central”: os sertões de Mato Grosso e Goiás nas narrativas de viagem de Hermano Ribeiro da Silva, 1935-1936, artigo de Luciana Murari (v. 27, n. 4, out./dez. 2020)