Livro de Gilberto Hochman sobre saneamento no Brasil na Primeira República é lançado em inglês

Abril/2017

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Com o título The Sanitation of Brazil – Nation, State, and Public Health, 1889-1930, a editora da Universidade de Illinois, EUA, lançou em inglês o livro A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil, de Gilberto Hochman, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e editor adjunto de HCS-Manguinhos.

Resultado de uma tese de doutorado defendida no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e vitoriosa no concurso Ford/Anpocs, o livro foi lançado originalmente pela Hucitec Editora em 1998 e teve duas novas edições, em 2006 e 2012.

A obra, que tornou-se referência, aborda as relações entre saúde pública e a construção de Estado no Brasil da Primeira República, revelando que as políticas de saúde e saneamento no país tiveram um papel preponderante na intensificação da participação do Estado na sociedade e no território brasileiro.

De acordo com Hochman, a edição em inglês é uma versão revista e atualizada com o apoio do programa de traduções da Biblioteca Nacional. “É muito importante esta oportunidade de alcançar um público mais amplo num momento de  críticas e ataques aos sistemas de proteção social no Brasil e também em vários outros países”, diz o autor.

Para Jerry Dávila, autor do Diploma de Brancura: Raça e Política Social no Brasil, 1917-1945, o livro de Hochman é uma contribuição pioneira para a compreensão da relação entre a saúde pública e o processo de formação do Estado. “É uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada nas histórias da saúde e da medicina nas Américas”, afirma.

“Somos muito afortunados por ter esta lúcida tradução do brilhante estudo sobre a expansão da saúde pública no Brasil do início do século XX, um processo complexo que envolveu cálculos ideológicos e pragmáticos da autonomia regional, a autoridade central e o alto custo humano da doença num país vasto e variado”, opina Alexandra Minna Stern, autora de Eugenic Nation: Faults and Frontiers of Better Breeding in Modern America.
“Finalmente, o clássico relato de Gilberto Hochman sobre política de saúde pública, cidadania e construção do Estado durante a Primeira República do Brasil está disponível para além do mundo da leitura em português. Este volume premiado oferece uma perspectiva histórica crucial sobre a complexa política de construção da saúde coletiva, ainda mais relevante hoje, quando o admirado sistema nacional de saúde do Brasil está sob ataque”, afirma Anne-Emanuelle Birn, co-editora de Comrades in Health: US Health Internationalists, Abroad and at Home.

Para Luiz A. de Castro Santos, por sua relevância e superior qualidade, ‘A Era do Saneamento’ compara-se aos melhores trabalhos internacionais no campo da sociologia histórica da saúde. “Hochman articula poder e política(s) de saúde de modo a fazer ressaltar a trama incerta de interdependências, alianças e conflitos entre Estado Nacional, oligarquias e grupos profissionais, na formação das políticas de saúde no Brasil.”

“São poucos os trabalhos que conseguem aliar a análise inovadora de vasto material empírico sobre fenômenos específicos a avanços na compreensão de processos históricos mais amplos. O livro faz isso com competência e elegância, enfocando um período pouco estudado pela literatura sobre as políticas públicas, em especial de saúde”, afirma Eduardo Cesar Marques em resenha publicada na Revista Brasileira de Ciências Sociais em 1999.

Saiba mais:

The Sanitation of Brazil – Nation, State, and Public Health, 1889-1930
The acclaimed study available for the first time in English

Saúde pública e construção do Estado na Primeira República, resenha de Eduardo Cesar Marques sobre o livro de Hochman (Rev. bras. Ci. Soc. vol.14 n.39 São Paulo Feb. 1999)

Leia em HCS-Manguinhos:

Hochman, Gilberto. “O Brasil não é só doença”: o programa de saúde pública de Juscelino Kubitschek. 2009, vol.16, suppl.1

Hochman, Gilberto. Logo ali, no final da avenida: Os sertões redefinidos pelo movimento sanitarista da Primeira República. Jul 1998, vol.5