Uma história heterogênea

Setembro/2020

Vivian Manheimmer | Blog de HCS-Manguinhos

Diego Galeano

O campo da história global está geralmente ligado a palavras-chave como circulações, conexões, redes, intercâmbio, globalização. Para Diego Galeano, professor adjunto de História Contemporânea e pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Conexões Atlânticas da Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a disciplina se define pela diversidade. “Em suma, acho que a história global é um amálgama muito heterogêneo de abordagens concomitantes e, não raramente, totalmente antagônicas”, diz.

Galeano é autor dos livros Escritores, detectives y archivistas: la cultura policial en Buenos Aires, 1821-1910 (Buenos Aires, Teseo, 2009) e Delincuentes viajeros: estafadores, punguistas y policías en el Atlántico sudamericano (Buenos Aires, Siglo XXI, 2018). Sua pesquisa se concentra na história da polícia e do crime transnacional na América do Sul.

Nesta entrevista ao Blog de HCS-Manguinhos, o professor expõe algumas das críticas inerentes à área, apresenta os principais temas de pesquisa e autores, analisa como a epidemia de covid-19 pode afetar os estudos de história global e destaca os arquivos digitais que podem ser utilizados. em pesquisa.

O que é história global?

Acredito que uma primeira forma de se aproximar de uma resposta é reconhecer a enorme diversidade de abordagens e propostas historiográficas que entram no campo da história global. O reconhecimento dessa heterogeneidade é um primeiro dado importante e, de fato, diria que é o ponto de partida do livro de Sebastian Conrad, que, em sua versão em inglês, leva o mesmo título: "O que é história global?" Este trabalho é uma tentativa de colocar uma certa ordem conceitual em um campo difuso, superlotado com rótulos como história mundial, história transnacional ou translocal, histórias cruzadas e conectadas.

A verdade é que um rápido olhar para uma revista científica da área de história ou para os programas de congressos que reúnem historiadores poderia verificar, eu diria nas últimas duas décadas, uma profusão de palavras-chave que parecem signos de um mesmo paradigma historiográfico: circulações , conexões, redes, rotas, mobilidade, troca, enfim, toda uma semântica do global que inundou as conversas dos historiadores. Mas a mera verificação dessa linguagem comum pode ser enganosa, pode levar à postulação de uma coerência teórica e metodológica inexistente. Embora seja verdade que as diferentes abordagens que se identificam na corrente da história global partilham da mesma intenção crítica ao eurocentrismo e, fundamentalmente, ao chamado "nacionalismo metodológico", tratam-se de definições bastante negativas, que indicam o que o historiador global quer evitar, e não o que se propõe a fazer.

Quando passamos dessas críticas às propostas de pesquisa – insisto – o que predomina é a heterogeneidade. Tomemos como exemplo o que é publicado por alguns dos jornais mais importantes da área, como o Cambridge Journal of Global History, fundado em 2006. Nesses espaços, as perspectivas macroanalíticas e sistêmicas, um pouco em linha com o falecido Braudel para Wallerstein, coexistem com autores que defendem a possibilidade de uma micro-história global ou uma micro-história translocal, como Lara Putnam, Francesca Trivellato ou Christian De Vito. E a enorme heterogeneidade a que me refiro não se esgota no velho debate micro-macro. Mesmo dentro da corrente que defende uma história global atenta às dinâmicas locais e à complexidade da agência histórica de sujeitos e grupos sociais específicos, podemos também identificar abordagens metodológicas muito diferentes: acompanhando a trajetória transcontinental de um escritor multifacetado como Leo Africanus por Natalie Zemon Davis, ou para seguir os rastros das lutas emancipatórias de várias gerações da mesma família afro-americana que Rebecca Scott e Jean Hébrard fazem em Freedom Papers, para citar alguns livros dignos de nota.

Assim, contamos com um recurso voltado para a reconstrução de biografias globais e a análise de trajetórias translocais de grupos familiares, étnicos ou profissionais, cujas próprias identidades, alteridades, sentidos de pertencimento e visões de mundo se configuram no trânsito entre diferentes fronteiras. No entanto, o repertório de recursos de pesquisa é ainda mais amplo e abrange, por exemplo, o campo de possibilidades da “vida global das coisas”, atenta à conformação histórica das culturas materiais e à circulação transcontinental de objetos e mercadorias. Os estudos sobre o início do mundo moderno predominam neste campo: há pesquisas notáveis sobre o comércio mediterrâneo e atlântico de condimentos, peles e peles, porcelanas, chá, café, açúcar e tabaco entre o Renascimento e o século XVIII. Mas também apareceram alguns trabalhos sobre produtos globais no longo século 19, relacionando-o com a expansão do capitalismo imperialista, como o livro de Sven Beckert sobre algodão.

Em resumo, acredito que a história global é um amálgama muito heterogêneo de abordagens concomitantes e, não raro, francamente antagônicas. Acabei de citar o livro de Beckert sobre a história global do algodão, que de certa forma é apresentado como uma “história total” de um produto, que começa balbuciando algumas ideias sobre o cultivo do algodão entre os astecas e continua até hoje. Nesse caso, a história global de um produto é concebida como uma narrativa totalizante, sem outro corte temporal e espacial que não o da própria vida do produto. É evidente que o livro demonstra um domínio muito desigual de situações locais cuja especificidade o autor entende muito, pouco ou quase nada. E isso se relaciona com algo que não pode ser esquecido: estou me referindo ao preconceito linguístico. Beckert constrói sua história do algodão a partir de fontes documentais e bibliografia secundária disponível em inglês e alemão, assim como Jürgen Osterhammel com sua gigantesca história global do século XIX. Mesmo deixando de lado as notórias hierarquias epistêmicas que são tidas como certas quando se assume que a partir de uma determinada constelação linguística pode ser feito um trabalho que dá conta de tudo, o que me parece mais importante é marcar a diferença metodológica com os autores que, da mesma forma de Subrahmanyam, defende uma perspectiva global entendida como história conectada.

Pessoalmente, me inclino para aquela corrente que entende a história global como uma história atenta às conexões e trocas translocais que moldaram o mundo moderno e contemporâneo. Mas é preciso reconhecer que não é a única corrente e sob o rótulo de história global existem propostas radicalmente diferentes. Não há nada que se assemelhe a uma escola historiográfica, mas sim uma polêmica sobre a forma de investigar, narrar e mesmo ensinar história com questões de um tempo presente marcado, pelo menos desde o final do século XX, por uma maior consciência da trama global do pretérito.

Há alguns anos se fala em um processo de desglobalização. Você poderia nos dar sua opinião sobre isso de uma perspectiva histórica?

Acho que é um conceito revelador de como a história pode entrar nas discussões geradas pela virada global. Não porque concorde com o conceito de desglobalização, mas pelo motivo oposto. Do ponto de vista de uma história global que não renuncia ao trabalho de arquivo, que não se torna um exercício enciclopédico de generalizações e abstrações de muito longa duração e com direito a falar do mundo inteiro, a noção atual de desglobalização parece um sintoma dos próprios problemas de um conceito completamente teleológico de globalização.

O que eu quero dizer? Talvez para explicá-lo melhor seja importante distinguir a história global da história da globalização, porque não são exatamente as mesmas. Muitas das abordagens historiográficas que hoje se situam no repertório da história global são anteriores ao próprio conceito de globalização, que apareceu um tanto tímido na década de 1960 e que no final do século 20, após a queda do Muro, irá passar a ser usado com mais freqüência como uma forma de descrever a condição atual do mundo. Posteriormente, alguns historiadores chegaram a assinalar que os contornos gerais da ordem global que se apresentava como novidade eram fruto de um longo processo histórico que remontava, pelo menos, ao século XVI. Essa ideia aparece, por exemplo, na breve história da globalização que Jürgen Osterhammel e Niels Petersson escreveram. Mas pelo simples fato de o processo ter uma história secular, não se questionavam as premissas essenciais da teoria da globalização, ou seja, a ideia de um mundo cada vez mais conectado, de uma maior integração de realidades distantes e de crescente interdependência global. De alguma forma, entre esses três conceitos – conexão, integração e interdependência – a ideia de globalização se constrói como uma rede do mundo, como o tecido de uma rede de vínculos políticos, culturais e socioeconômicos em escala planetária.

Essa visão da história global que dá primazia à interdependência e integração, à concepção sistêmica de um mundo em rede, é o que realmente está sendo questionado na atualidade e pela atualidade. Se a globalização for entendida como um caminho linear de consolidação de um mundo cada vez mais integrado, é possível que alguns sinais do presente sejam percebidos como o processo oposto. Mas se prestarmos atenção ao que muitos historiadores sociais têm produzido nos últimos anos, podemos ver que há outra história possível sobre o passado do mundo global, que investiga circulações transnacionais, trocas comerciais, rotas migratórias e culturas diaspóricas, embora ainda reconheça o peso de descontinuidades e assimetrias, diferenças de intensidade de várias formas de conexão e profundos desequilíbrios de poder entre diferentes lugares. Estou pensando nos próprios estudos de Subrahmanyam, no trabalho de Maxine Berg e de historiadores no campo conhecido como história global do trabalho, bem como em muitos estudiosos do comércio de escravos no Atlântico e da diáspora africana, para citar alguns exemplos que nos mostram que a desconexão, a descontinuidade, a ruptura e a produção de desigualdades brutais devem ser pensadas como parte do processo de globalização no mundo moderno. Não acredito que estejamos enfrentando um processo de desglobalização, mas sim um fracasso da história global concebida como um relato teleológico da integração do mundo.

Como a epidemia de covid-19 pode afetar os estudos e a perspectiva da história global?

É muito prematuro ver isso com clareza. Talvez, por um lado, a pandemia seja um convite a somar reflexões na direção que acabo de indicar, ou seja, estudos históricos que permitam uma melhor compreensão da dialética entre conectividade e singularidade. Mais especificamente, para investigar as dinâmicas globais que combinam interconectividade com profundas assimetrias. Afinal, temos diante de nossos olhos a evidência de um vírus que cruzou fronteiras com velocidade sem precedentes, seguindo as rotas globais da mobilidade humana, mas que adoece e mata de maneiras muito diferentes. Não apenas porque o fenômeno varia de país para país em função das políticas de saúde adotadas e das capacidades do sistema de saúde, mas também pelas desigualdades de classe, gênero e etnia-racial que afetam as sociedades. Gosto da ideia do historiador italiano Christian De Vito quando fala em “singularidades conectadas” para apontar a necessidade de pensar simultaneamente a conectividade do mundo e o tecido único de cada lugar. Desse ponto de vista, o global não é sinônimo de repetição e mesmice. Um processo global não é vivenciado da mesma forma em todos os lugares e acho que a pandemia nos mostra isso.

Por outro lado, penso nas consequências para a própria escrita da história em perspectiva global. Aqueles que concebem a história global como um exercício enciclopédico de síntese da bibliografia secundária com o objetivo de construir macronarrativas sobre o mundo enfrentam o desafio do acesso material e digital à literatura, o que, principalmente dos centros acadêmicos de quem costuma produzir essas obras, é um obstáculo fácil de superar. Mas aqueles de nós que, por outro lado, defendemos uma história social atenta às dinâmicas translocais, muitas vezes precisamos ter acesso a arquivos localizados em diferentes países e cidades. Posso dar como exemplo o que se passa no campo da história das migrações atlânticas que, desde o final do século XX, mesmo quando a história global ainda não era um modismo, manifestou-se por um questionamento crescente dos cortes nacionais centrados na problemática da a integração dos imigrantes nas chamadas “sociedades de acolhimento”. O surgimento de novas questões relacionadas com o estudo das redes e cadeias migratórias levou a dar mais atenção aos locais de origem dos emigrantes, também ao que aconteceu aos que ficaram e ao fenômeno dos retornos. Tudo isso foi possível graças ao trabalho de historiadores que conseguiram cruzar as fontes documentais dos países receptores com intensa investigação nos arquivos municipais, judiciais e diplomáticos dos lugares de origem.

Obviamente, esse movimento requer recursos financeiros para apurar, algo que em muitos lugares está se tornando cada vez mais difícil. E contra isso teremos que continuar lutando várias batalhas simultaneamente. Uma disputa pelos sentidos da história global, que incentiva e valoriza cada vez mais, dentro dos centros de pesquisa de referência, o trabalho multi-localizado com fontes primárias. Acredito que a luta pela digitalização e acesso aberto aos arquivos digitais é importante e necessária, mas não suficiente. Outra disputa deve ocorrer dentro das editoras universitárias, que inevitavelmente têm a missão de abrir espaço para essas investigações com fontes primárias, frente à preferência das grandes editoras pelas sínteses enciclopédicas e por aquela macro-história global que não vai além de uma agregação de dados. Algo semelhante pode ser dito sobre a luta pela descolonização do ensino universitário, que muitas vezes também está sujeito a essas narrativas universalistas. Tudo isso vai se tornar cada vez mais urgente e indispensável em tempos de recursos escassos.

Existem materiais digitalizados na história global que possam ser usados em pesquisas?

Parece-me que, precisamente, se entendermos a história global como sinônimo de história mundial e a emergência de um espaço planetário cada vez mais integrado, podemos cair na concepção de que existem arquivos mais globais do que outros ou onde a esfera global se manifesta de forma mais clara. Suponha que possamos pensar no arquivo da Liga das Nações para o período entre guerras, na coleção da Fundação Ford ou nos documentos do Banco Mundial. Sob esse critério, os arquivos diplomáticos que dependem dos ministérios das Relações Exteriores de cada país também responderiam por essa dimensão da governança global.

Porém, muitos de nós que defendemos que a história global é apenas um ponto de observação e uma forma de construir questões trabalhamos com os mesmos arquivos nacionais, regionais e municipais que outros frequentam. Posso dar o exemplo de minhas próprias investigações sobre mercados ilegais, práticas criminosas e vigilância policial cuja trama – como defendo – só pode ser entendida se for adotada uma escala transnacional, capaz de dar conta das intensas trocas entre os portos do espaço atlântico sul-americano no tempo de migrações em massa. Nessas investigações, talvez explore alguns acervos documentais menos elaborados, como arquivos da justiça federal, mas em geral utilizo arquivos judiciais, policiais e penitenciários, ou seja, uma espécie de fonte muito visitada pela história social, o que mostra que quando muda-se o teor da questão, novas evidências emergem. Então, pelo menos para mim, a história global é uma questão de perspectiva, uma forma de construir questões que colocam em tensão os axiomas do nacionalismo metodológico e, às vezes, também os romantismos folclóricos que tendem a essencializar os fenômenos culturais que devem muito mais ao movimento e ao trânsito do que à raiz e à origem. Nesse sentido, qualquer arquivo pode ser usado em investigações que incorporem questões de história global. E, ao contrário, arquivos produzidos por organizações multilaterais e internacionais, ou mesmo arquivos diplomáticos, oferecem materiais preciosos para a história local. Não existem arquivos essencialmente globais.

Referências:

BECKERT, Sven. Empire of Cotton: a Global History. New York: Knopf, 2014.

BERG, Maxine. Writing the History of the Global: Challenges for the 21st Century. Oxford: Oxford University Press, 2013.

CONRAD, Sebastian. What is Global History? Princeton: Princeton University Press, 2016.
Têm recente tradução para o português: Sebastian Conrad, O que é a História Global? Lisboa: Edições 70, 2019.

DAVIS, Natalie Z. Trickster Travels: In Search of Leo Africanus, A Sixteenth-Century Muslim Between Worlds. New York: Hill and Wang. 2006.

DAVIS, Natalie Z. “Descentering history: local stories and cultural crossings in a global world”, History and Theory, n. 50, 2011, p. 188-202.

DE VITO, Christian.  “Verso una microstoria translocale (Micro-spatial history)”, Quaderni Storici, vol. 50, n. 150, 2015, p. 815-833 .

GALEANODiego. Criminosos viajantes: circulações transnacionais entre Rio de Janeiro e Buenos Aires, 1890-1930. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2016.

GERRITSEN,  Anne; RIELLO, Giorgio (eds). The Global Lives of Things: The Material Culture of Connections in the Early Modern World. London: Routledge, 2015.

OSTERHAMMEL, Jürgen. The Transformation of the World: A Global History of the Nineteenth Century. Princeton: Princeton University Press, 2014.

OSTERHAMMEL, Jürgen; PETERSSON, Niels. Globalization: A Short History. Princeton: Princeton University Press, 2005.

PUTNAM, Lara. “To Study the Fragments/Whole: Microhistory and the Atlantic World”, Journal of Social History, vol. 39, n. 3, 2006. p. 615-630.

SCOTT, Rebecca; HÉBRARD, Jean. Provas de liberdade: uma odisseia atlântica da era da emancipação. Campinas: Ed. Unicamp, 2014.

SUBRAHMANYAM, Sanjay. Impérios em concorrência: histórias conectadas nos séculos XVI e XVII. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2012.

TRIVELLATO, Francesca, “Is There a Future for Italian Microhistory in the Age of Global. History?”, California Italian Studies, vol. 2, n. 1, 2011.

Como citar este texto:

GALEANO, Diego. Uma historia heterogênea. Entrevista ao Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Publicado em 22 de setembro de 2020. Disponível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/uma-historia-heterogenea/

Leia esta entrevista em espanhol:

Una historia heterogénea

Leia em HCS-Manguinhos:

Ferrari, Mercedes García and Galeano, Diego Polícia, antropometria e datiloscopia: história transnacional dos sistemas de identificação, do rio da Prata ao Brasil. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Dez 2016, vol.23, suppl.1.

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Espinosa, Mariola. Los orígenes caribeños del Sistema Nacional de Salud Pública en los EEUU: una aproximación global a la historia de la medicina y de la salud pública en Latinoamérica. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Mar 2015, vol.22, no.1.

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