Janeiro/2025
A criança no colo de sua mãe – símbolo retratado na estátua à frente do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), que em 2024 completou 100 anos – mobiliza afetos e memórias de cuidado e seu reconhecimento na cena pública, interligando mulheres e crianças.E
Entre 2020 e 2022, pesquisadoras do projeto Memória como Linha de Cuidado, do IFF, recuperaram documentos e organizaram um acervo de entrevistas que evocam a memória do Instituto via o cuidado que reúne crianças doentes e suas mães.
Martha Cristina Nunes Moreira, Roberta Falcão Tanabe, Marina Castinheiras Diuana e Anita Silva Paez se debruçaram sobre três fontes de memórias: a pesquisa de Marismary Horsth De Seta com a geração que chegou no instituto na década de 1940; o relatório de atividades do instituto de 1973; e três entrevistas com trabalhadores admitidos na década de 1980.
“Concluímos que o cuidado com as crianças e, por conseguinte, um olhar para as mulheres nessa relação se dão em sintonia com a transição epidemiológica global, complexificando o perfil da atenção do instituto”, afirmam. Segundo as pesquisadoras, cuidar da criança pobre, desnutrida, era aproximar a mulher para promover um controle da família e vislumbrar um adolescente distante do risco da “delinquência”. Assim, pela pediatria, o IFF articula a imagem da criança a da maternidade.
“Inseridas em um hospital onde a competência técnica e a especificidade dos casos clínicos são reconhecidos, acionar a dimensão narrativa significa apostar na dinâmica relacional como transformadora de afetos e do ato de cuidar. Quem trabalha ou é cuidado no IFF ganha a identidade Fernandes Figueira como um sobrenome”, relatam.
Leia o artigo completo:
Tessituras de memórias: o Instituto Fernandes Figueira pelo olhar geracional, artigo de Martha Cristina Nunes Moreira, Roberta Falcão Tanabe, Marina Castinheiras Diuana e Anita Silva Paez (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 31 • 2024)