Simpósio no Rio discutirá doenças tropicais e negligenciadas desde o século XIX

Outubro/2016

História das doenças tropicais e negligenciadas – séculos XIX ao XXI” é o nome do simpósio organizado por Isabel Amaral (Universidade Nova Lisboa), Daniel Headrick (Roosevelt University, Chicago) e André Felipe Cândido da Silva e Jaime Larry Benchimol (Fiocruz, Rio de Janeiro) no 25º Congresso de História da Ciência e da Tecnologia, que acontecerá no Rio de Janeiro de 23 a 29 de julho de 2017. Os interessados em participar do simpósio devem enviar resumo da comunicação em inglês até 31 de outubro de 2016 a ima@fct.unl.pt com cópia para jailabench@gmail.com. As propostas serão selecionadas pelos organizadores do simpósio em função de sua pertinência à diretriz do simpósio e ao número de sessões ainda disponível. Descrição do simpósio A história convencional da medicina tropical dá ênfase ao eixo Norte-Atlântico. O simpósio ora proposto valorizará as interações Sul-Sul, ou o que hoje é chamado Sul global, ainda negligenciado por narrativas que tendem a considerar os países do hemisfério norte como “centros” de produção de conhecimentos de lá “irradiados” a outras partes do mundo. Em sintonia com a história transnacional ou conectada, o simpósio espera estimular narrativas que explorem os intercâmbios entre diferentes impérios ou contextos nacionais, desnudando redes mais amplas e multicêntricas de colaboração e/ou competição técnico-científica envolvendo o estudo e controle das doenças tropicais e negligenciadas. A historiografia sobre essas doenças contempla majoritariamente o período anterior à Segunda Guerra Mundial. As análises sobre o pós-Guerra priorizam os programas de erradicação da malária.  O simpósio visa promover uma reflexão alargada sobre outras doenças nas agendas nacionais e internacionais e sobre o lugar das “doenças tropicais” nas agendas do pós-guerra, tanto a dos impérios pós-coloniais como a das nações há mais ou menos tempo constituídas. Nas décadas em que foram hegemônicos programas e ideologias desenvolvimentistas, as representações sobre doenças tropicais combinaram-se com as das “doenças da pobreza”, convergindo finalmente na ideia de “doenças negligenciadas”. Intervenções nos ambientes de regiões então qualificadas como “subdesenvolvidas’ favoreceram a emergência ou persistência de doenças envolvendo hospedeiros, parasitos e vetores encapsulados em ciclos dependentes tanto de relações ecológicas intrincadas quanto condições sociais precárias. Nesse contexto, importa ainda incluir a dimensão bioética das investigações com populações humanas, do uso nelas de tratamentos quimioterápicos ou imunobiológicos, assim como das iniciativas visando o saneamento de espaços insalubres. Saiba mais. Leia no Blog de HCS-Manguinhos: Medicina tropical nos séculos XIX e XX Edição especial de HCS-Manguinhos, 2014 Tuberculose na história e no presente Em 24 de março de 1882, o médico alemão Robert Koch descobriu o bacilo causador da tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis (MTB), ou bacilo de Koch. O “drama” da hanseníase em Governador Valadares Pesquisadoras utilizam metáfora teatral para compreender as relações entre os “atores” inseridos no contexto da doença na década de 1980, quando foi introduzida a poliquimioterapia, terapia inovadora que mudou conceitos Leprosários e preventórios em Goiás: os filhos dos doentes de 1920 a 1962 Leicy Francisca da Silva analisa os discursos médicos e políticos da época Harald Sioli e a esquistossomose na Fordlândia, 1950 O historiador André Felipe Cândido da Silva revela as descobertas do limnologista alemão em workshop sobre doenças tropicais na Fiocruz Estudo mostra o impacto de doença de Chagas, esquistossomose, leishmaniose e hanseníase no Brasil nos últimos 12 anos Brasil é o principal responsável pela elevada carga de morbimortalidade relacionada às DTNs na América Latina, com uma complexa associação de diferentes determinantes sociais Leia em HCS-Manguinhos: Doença de Chagas, doença do Brasil, artigo de Ivan da Costa Marques. (vol.20, no.1, mar 2013) Um método chamado Pinotti: sal medicamentoso, malária e saúde internacional (1952-1960)Silva, Renato da and Hochman, Gilberto (jun 2011, vol.18, no.2) Dossiê Malária (abr.-jun. 2011) Malaria epidemics in Europe after the First World War: the early stages of an international approach to the control of the diseaseGachelin, Gabriel and Opinel, Annick (jun 2011, vol.18, no.2) O medo do sertão: a malária e a Comissão Rondon (1907-1915), Caser, Arthur Torres and Sá, Dominichi Miranda (jun 2011, vol.18, no.2) Carlos Chagas e os debates e controvérsias sobre a doença do Brasil (1909-1923), artigo de Simone Petraglia Kropf (vol.16, suppl.1, jul 2009) A viagem científica de Neiva e Penna: roteiro para os estudos das doenças do sertão, artigo de Joffre Marcondes de Rezende (vol.16, supl.1, jul 2009) Fotografia e valor documentário: o arquivo de Carlos Chagas, artigo de Aline Lopes de Lacerda (vol.16, supl.1, jul 2009) The reception by French physicians of Chagas’ discovery of Trypanosoma cruziand American trypanosomiasis (1909-1925), artigo de Gabriel Gachelin and Annick Opinel (vol.16, supl.1, jul 2009) The discovery of Trypanosoma cruzi and Chagas disease (1908-1909)tropical medicine in Brazil, artigo de Simone Petraglia Kropf e Magali Romero Sá (vol.16, supl.1,  jul 2009) No coração do Brasil, uma capital saudável – a participação dos médicos e sanitaristas na construção de Brasília (1956-1960), artigo de Tamara Rangel Vieira  (vol.16, supl.1, 2009) Ferrovias, doenças e medicina tropical no Brasil da Primeira República, Benchimol, Jaime Larry and Silva, André Felipe Cândido da (set 2008, vol.15, no.3) Benchimol, Jaime Larry et al. Luta pela sobrevivência: a vida de um hanseniano através da correspondência com Adolpho Lutz. 2003, vol.10, suppl.1 Maciel, Laurinda Rosa et al. Memories and history of Hansen’s disease in Brazil told by witnesses (1960-2000). 2003, vol.10, suppl.1 Moreira, Tadiana Alves. Panorama sobre a hanseníase: quadro atual e perspectivas. 2003, vol.10, suppl.1 A malária em foto: imagens de campanhas e ações no Brasil da primeira metade do século XX, Hochman, Gilberto, Mello, Maria Teresa Bandeira de and Santos, Paulo Roberto Elian dos (2002, vol.9) História da descoberta da Biomphalaria occidentalis Paraense, 1981, artigo de Laïs Clark Lima (v.6 n.2 Rio de Janeiro jul./out. 1999)