Em 1922, durante as comemorações do centenário da independência do Brasil, o neurologista Fedor Krause, representante da comunidade médico-científica alemã, entregou à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro um “presente” enviado em nome de diversas indústrias químico-farmacêuticas de seu país: uma coleção dos seus produtos farmacêuticos mais importantes para serem distribuídos em hospitais.
Era comum cientistas e médicos alemães atuarem como agentes de promoção da indústria químico-farmacêutica germânica, favorecendo a abertura de novas oportunidades comerciais. As indústrias, por sua vez, ajudavam a atividade científica na Alemanha a superar as dificuldades decorrentes da derrota na Primeira Guerra Mundial. Existiu, assim, no pós-guerra, grande convergência de interesses entre a comunidade médico-científica e a indústria químico-farmacêutica do país.
Entre as estratégias usada pela indústria alemã para alavancar a comercialização de seus medicamentos, principalmente no mercado latino-americano, estava o lançamento de periódicos científicos. Ao longo do período entreguerras, a Bayer promoveu no Brasil a circulação dos periódicos Revista Terapêutica (1921-1945) e O Farmacêutico Brasileiro (1926-1945), destinados aos públicos médico e farmacêutico. Ambos propagavam as realizações da ciência alemã e as atividades de intercâmbio internacional a fim de disseminar o prestígio da cultura e da ciência germânicas em benefício da proliferação dos medicamentos Bayer. Os anúncios e artigos eram regidos por uma postura de ‘cientificidade’ para divulgar os produtos da companhia farmacêutica.
No artigo A política de difusão do germanismo por intermédio dos periódicos da Bayer: a Revista Terapêutica e O Farmacêutico Brasileiro, publicado em HCS-Manguinhos (v. 20, n.1, jan./mar. 2013), os pesquisadores Marlom Silva Rolim e Magali Romero Sá, do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, analisam o conteúdo e o impacto dos periódicos publicados pela Bayer no Brasil num cenário de rompimento das relações políticas, econômicas e científicas com a Alemanha no pós Primeira Guerra.
Leia em HCS-Manguinhos:
A política de difusão do germanismo por intermédio dos periódicos da Bayer: a Revista Terapêutica e O Farmacêutico Brasileiro, artigo de Marlom Silva Rolim e Magali Romero Sá (v. 20, n.1, jan./mar. 2013)
Saiba mais:
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Como citar este post:
Se é Bayer…, Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Publicado em 16 de abril de 2013. Acesso em 7 de fevereiro de 2019. Disponível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/se-e-bayer/