Novembro/2016
Por que os homens não se cuidam como nós desejamos? O questionamento de gestores do Ministério da Saúde foi evidenciado numa etapa da pesquisa multicêntrica “Homens e serviços de saúde II: rompendo barreiras culturais, institucionais e individuais (Recife/PE, São Paulo/SP e Florianópolis/SC)”, que visava recuperar narrativas sobre a criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem a partir da instituição, em 2008, da Área Técnica de Saúde do Homem no Departamento de Ações Programáticas Estratégicas no Ministério da Saúde.
Esta biopolítica do cuidado masculino surge demandando acesso a um território corporal masculino que se permita tocar, examinar, explorar na sua intimidade. E, para isso, apresenta-se como veículo da própria mudança cultural que reivindica.
Mas como administrar um corpo que resiste ao toque da medicalização? Como aproximar os homens dos serviços de saúde, no sentido de inseri-los nos regimes da atenção integral, de prevenção e promoção de uma vida saudável?
Estas questões são levantadas no artigo “Negociando saberes e poderes: a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem e a Sociedade Brasileira de Urologia”, de autoria dos pesquisadores Rita Flores Müller, do Instituto de Medicina Social da Uerj, e Joel Birman, do Instituto de Psicologia da UFRJ, e publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (vol.23, no.3, jul./set. 2016).
Os autores destacam a posição da Sociedade Brasileira de Urologia no processo de constituição da política e recuperam a disputa colocada em discurso em entrevistas realizadas com dois gestores do Ministério da Saúde e um representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil.
“Nas aparições do sujeito de direitos à saúde, analisamos a visibilidade do corpo masculino nos signos das resistências às intervenções do biopoder”, revelam os pesquisadores.
Leia em HCS-Manguinhos:
Negociando saberes e poderes: a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem e a Sociedade Brasileira de Urologia”, artigo de Rita Flores Müller e Joel Birman (vol. 23, n. 3, jul/set 2016)