Retratos centenários do cotidiano em Manguinhos

Junho/2022

Jaime Larry Benchimol

Em maio último, a Fiocruz completou 122 anos. Nada mais oportuno do que comemorar a data com a reimpressão, em História, Ciências, Saúde – Manguinhos, do artigo Retratos do cotidiano em Manguinhos, do historiador Jaime Larry Benchimol, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e editor-científico desta revista de 1997 a 2015.

O artigo foi publicado originalmente há mais de 30 anos, nos Cadernos da Casa de Oswaldo Cruz (v.1, n.1, p.19-31, novembro de 1989). 

Com base em depoimentos de antigos funcionários – especificamente as entrevistas concedidas por Attílio Borriello, Francisco Gomes, Hamlet Aor, José Cunha e Venâncio Bonfim ao projeto “Memória de Manguinhos”, desenvolvido de 1986 a 1989 na COC -, Benchimol reconstitui o cotidiano do Instituto Oswaldo Cruz no começo do século XX, quando “era moderno por suas atividades, mas as relações de trabalho traziam as marcas de uma sociedade agrária e patriarcal, recém-egressa da escravidão.”

O historiador esclarece: 

“Cada laboratório do instituto era como um pequeno engenho onde as mãos e os pés dos pesquisadores eram seus serventes, que executavam desde as tarefas mais desqualificadas até operações bem delicadas da pesquisa científica, atualmente confiadas a técnicos formados em escolas próprias. As habilidades dos primitivos técnicos, muitos recrutados ainda meninos nas oficinas da instituição, eram adquiridas empiricamente.”

As entrevistas utilizadas pertencem ao acervo de história oral da Casa de Oswaldo Cruz, sob a guarda do Departamento de Arquivo e Documentação, e integram um conjunto de trinta depoimentos que ajudam a contar a história do Instituto Oswaldo Cruz a partir da vivência de alguns de seus cientistas, auxiliares e administradores.

Joaquim Venâncio Fernandes (1895-1955)

Um personagem símbolo dessa geração de autodidatas formados em Manguinhos foi Joaquim Venâncio Fernandes (1895-1955), um dos mais importantes técnicos de laboratório da história da Fiocruz, que trabalhou com Adolpho Lutz e era o “guru” do entrevistado Francisco Gomes. Homenageado com o nome da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, fundada em 1985, era irmão do administrador da fazenda, em Minas Gerais, da família de Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz na direção do Instituto.

Como muitos outros funcionários, Joaquim Venâncio residia no campus de Manguinhos, numa casa que o instituto construíra para ele, com a mulher e depois com o sobrinho, Venâncio. Possuía até um pequeno rebanho de vacas leiteiras, que entregou aos cuidados de “Venancinho”. 

No artigo publicado na seção Fontes de HCS-Manguinhos, Benchimol nos revela “as histórias narradas por estes funcionários, orgulhosos, que aqui ingressaram na década de 1920, ainda meninos, para só saírem com a aposentadoria e os cabelos brancos.” 

Descubra estas histórias incríveis no artigo agora publicado na revista HCS-Manguinhos:

Retratos do cotidiano em Manguinhos, artigo de Jaime Larry Benchimol (HCS-Manguinhos, v. 29, n. 1, jan-mar 2022) 

Leia também no Blog de HCS-Manguinhos:

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O autor, Jaime Benchimol, e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, participaram do lançamento oficial do livro durante a sessão especial de abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2020). Assista no canal oficial da Fiocruz no YouTube

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