Novembro/2019
Apontar caminhos para o entendimento do fenômeno da autoajuda hoje para além da sua crítica como literatura supérflua é a ideia de Elaine da Silveira Leite, professora do Departamento de Sociologia e Política e do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pelotas, em artigo na atual edição de HCS-Manguinhos. A autora parte de teóricos sociais que expõem como a autoajuda apropria-se de artifícios morais para a sua legitimação social, como a terapia e a psicologia, e como o fenômeno acompanha o mundo do trabalho e o sistema capitalista.
No artigo Por uma sociologia da autoajuda: o esboço de sua legitimação na sociedade contemporânea, Elaine da Silveira Leite demonstra como a autoajuda ganha, cada vez mais, legitimidade e novos adeptos na sociedade atual, ao atuar como uma espécie de moralizador social. A autora também mostra como a autoajuda encontra ressonância no campo da administração e das finanças pessoais, tornando-se sinônimo de sucesso.
Para Elaine, os acadêmicos costumam tecer críticas superficiais ao fenômeno, contaminadas por juízos de valor. “A retórica em torno do fenômeno centra-se nos consumidores e na dualidade: ora o indivíduo é visto como alienado por consumir autoajuda, ora é concebido como egoísta por utilizá-la para o seu próprio desenvolvimento”, afirma. Assim, a pesquisadora reforça a importância de análises heurísticas sobre o fenômeno da autoajuda, buscando traçar sua historicidade, bem como alertar sobre suas consequências sociais.
Leia em HCS-Manguinhos:
Por uma sociologia da autoajuda: o esboço de sua legitimação na sociedade contemporânea, artigo de Elaine da Silveira Leite (v. 26, n.3, jul./set. 2019)