Setembro/2022
Pedro Nava (1953). Fundo Correio da Manhã, acervo do Arquivo Nacional.
Mais conhecido como escritor, memorialista, poeta e participante no movimento de vanguarda dos modernistas mineiros nos anos 1920, Pedro Nava (1903-1984) foi também um médico respeitado, tendo desempenhado um papel crucial na consolidação da reumatologia no Brasil.
A trajetória médica de Nava é o tema de um artigo publicado na atual edição da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol. 29, n. 3, set/2022) por Andre Bittencourt, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor de uma tese de doutorado sobre as relações entre medicina, modernismo e literatura na obra de Pedro Nava.
No artigo O poeta não existe mais: Pedro Nava e os impasses da institucionalização da reumatologia no Brasil, 1949-1961, o sociólogo apresenta as iniciativas de Nava para legitimar a especialidade reumatológica no país, reconstituindo algumas de suas pesquisas, cursos de formação, empreendimentos editoriais, a criação de redes no exterior e polêmicas que chegaram a ocupar os jornais da época.
A pesquisa foi feita com base em materiais de arquivo até hoje pouco explorados, muitos deles depositados no acervo de Pedro Nava na Fundação Casa de Rui Barbosa. São utilizadas cartas, cadernetas, revistas médicas, relatórios técnicos e matérias de jornal, que ajudam a compor o quadro da atuação profissional de Nava dentro de um contexto médico e político mais amplo. Através dos materiais é possível perceber, por exemplo, como o médico procurou demonstrar, a partir de pesquisas e levantamentos estatísticos, que os reumatismos se constituíam enquanto um sério problema social, sobretudo associado à invalidez no trabalho, e que, portanto, deveriam ser alvo de políticas públicas. Também chamam atenção certas polêmicas suscitadas, como em sua passagem pela direção do Hospital dos Servidores do Estado, onde implementou o primeiro serviço oficial de reumatologia das Américas. Essa ação pioneira despertou controvérsias que agitaram os jornais da época e chegou a mobilizar a tribuna da Câmara dos Deputados.
Leia em HCS-Manguinhos:
O poeta não existe mais: Pedro Nava e os impasses da institucionalização da reumatologia no Brasil, 1949-1961, artigo de Andre Bittencourt, História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 29, n. 3, set/2022)
