Maio/2019
A partir de meados do século XX, no Brasil, “parto natural”, “parto sem dor”, “parto sem temor” foram palavras de ordem de um grupo de obstetras que buscavam levar às mulheres novas práticas de parto, com menos intervenções e mais conforto. Essas novas teorias, já difundidas nos países europeus e nos EUA, foram propagadas na cultura brasileira por meio de impressos, congressos, conferências e cursos. Seus divulgadores destacavam a importância da preparação da mulher e de seus familiares para o parto. Além disso, acentuavam a importância da educação para o parto.
No artigo Métodos de preparação para o parto: um estudo sobre materiais impressos publicados no Brasil em meados do século XX, publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (v. 26, n.1, jan./mar. 2019), pesquisadores de Viçosa (MG), Vitória (ES) e do Rio de Janeiro (RJ) discutem a difusão das práticas de parto natural por meio da análise dos livros Parto natural: guia para os futuros pais, escrito pelo obstetra americano Frederick Goodrich Jr. em 1950 e publicado no Brasil a partir de 1955, e Parto natural sem dor, escrito pelo obstetra brasileiro Georg Beutner, em 1962.
Segundo os autores – Lilian Fernandes Arial Ayres, Luiz Antônio Teixeira, Bruno David Henriques, Anna Karolina Gomes Dias e Wellington Mendonça de Amorim -, ambos os livros tiveram boa entrada na cultura brasileira e influenciaram a forma de pensar o parto e de parir, tanto no âmbito da obstetrícia brasileira como no que concerne às representações das mulheres. Para eles, os manuais são agentes do processo de medicalização do parto que se intensificava em meados do século XX.
“Por meio dos manuais, a mulher foi encorajada a confiar seu corpo ao médico desde o início da gestação ou até mesmo antes da concepção, por meio de exames médicos pré-nupciais”, afirmam.
Leia em HCS-Manguinhos:
Métodos de preparação para o parto: um estudo sobre materiais impressos publicados no Brasil em meados do século XX, artigo de Lilian Fernandes Arial Ayres, Luiz Antônio Teixeira, Bruno David Henriques, Anna Karolina Gomes Dias e Wellington Mendonça de Amorim (v. 26, n.1, jan./mar. 2019)
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