Parteiras e médicos concorriam por partos no Rio no fim do séc. XIX

Janeiro/2018

Madame Durocher (1808-1893), francesa, foi uma célebre parteira da Corte no Brasil

Até a década de 1870, as parteiras dominavam a arte de partejar na Corte no Rio de Janeiro. Porém, paulatinamente, vão perdendo seu espaço de prática para médicos. De olho nas senhoras da alta sociedade, os médicos se estabeleciam principalmente na freguesia do Sacramento, enquanto as parteiras foram progressivamente se deslocando das áreas ‘nobres’ da cidade para áreas de moradia popular, estabelecendo-se, principalmente, nas ruas Gonçalves Dias, Alfândega e Guarda Velha, e diversificando a clientela.

No artigo Concorrência na arte de partejar na Corte 1835/1900, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol.25, no.4, out./dez. 2018), os pesquisadores da UFRJ Helber Renato Feydit de Medeiros, Diana Maul de Carvalho e Luiz Fernando Rangel Tura discutem o aumento do prestígio popular da ciência e a criação da Cadeira de Obstetrícia e Ginecologia na Faculdade de Medicina em 1879 como possíveis influências das mudança no mercado de partos.

“A contemporaneidade desta questão é mostrada pela recente proibição aos médicos, pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, de dar assistência a partos realizados por parteiras em residências, gerando protestos de associações profissionais e da sociedade civil, e mostrando que esta questão ainda parece longe de ser resolvida”, afirmam os autores.

A pesquisa foi realizada através da leitura e análise dos livros de atas da congregação da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, do livro do curso de partos e do livro de termos de exames de verificação de médicos, cirurgiões, boticários e parteiras. O objetivo foi buscar as parteiras formadas no curso de partos da instituição e aquelas aprovadas nos exames de suficiência – geralmente estrangeiras formadas em outros países. Propagandas e anúncios publicados no Jornal do Commercio de 1831 a 1900 também foram utilizados no levantamento de indícios de atividades profissionais e dados da vida pessoal dessas parteiras.

Leia em HCS-Manguinhos:

Concorrência na arte de partejar na Corte 1835/1900, artigo de Helber Renato Feydit de Medeiros, Diana Maul de Carvalho e Luiz Fernando Rangel Tura (vol.25, no.4, out./dez. 2018)