Julho/2020
A partir de dezembro de 1961, a imprensa mundial passou a noticiar a “tragédia da talidomida”: milhares de bebês mundo afora estavam nascendo com focomelia ou amelia/dismelia, que são o encurtamento ou ausência de membros superiores e/ou inferiores. O motivo: as mães haviam tomado, na gravidez, uma droga anunciada como calmante e contra enjôo. Também foram registrados problemas de visão, na formação da coluna vertebral, nos rins, nos intestinos, no coração, nos órgãos genitais e ausência de orelhas, além de um grande número de natimortos e de bebês que morreram após o parto. Estima-se que entre 15 e 20 mil bebês tenham sido atingidos pela síndrome da talidomida, em cerca de 46 países em todos os continentes.
A empresa alemã que desenvolveu a talidomida – a Chemie Grünenthal – buscava um remédio contra alergias, mas os testes não demonstraram sucesso. Porém, os cientistas da companhia, alguns dos quais haviam trabalhado para o Terceiro Reich, sugeriram produzir e comercializar a droga a partir de um dos seus efeitos evidenciados: as propriedades sedativas e hipnóticas da substância. O remédio foi colocado no mercado em 1957.
No artigo “Descansar e dormir sem riscos”: o Jornal do Médico (Portugal) e o desastre da talidomida, 1960-1962, publicado em HCS-Manguinhos (v. 27, n. 1, jan./mar. 2020), José Augusto Leandro, professor do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, analisa como o periódico Jornal do Médico, editado na cidade do Porto, em Portugal, divulgou o desastre da talidomida.
A pesquisa percorreu as páginas do periódico desde o início de 1960 até o final de 1962. O autor aponta e discute duas questões interligadas: a morosidade em publicar matérias sobre os efeitos deletérios do medicamento, vendido no país sob a denominação Softenon®, e a construção discursiva da isenção da responsabilidade do médico no fenômeno da iatrogenia medicamentosa.
Leia em HCS-Manguinhos:
“Descansar e dormir sem riscos”: o Jornal do Médico (Portugal) e o desastre da talidomida, 1960-1962, artigo de José Augusto Leandro (v. 27, n. 1, jan./mar. 2020)
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Através da análise de notícias da mídia impressa, as pesquisadoras Adriana Moro e Noela Invernizzi revisitam a história e discutem a regulação de medicamentos e os direitos das vítimas no Brasil em artigo publicado em HCS-Manguinhos (vol.24 no.3 Rio de Janeiro jul./set. 2017)
Como citar este post:
O desastre da talidomida segundo o Jornal do Médico, de Portugal. Blog de HCS-Manguinhos. Publicado em 08/07/2020. Visualizado em 08/07/2020. Disponível em: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/o-desastre-da-talidomida-segundo-o-jornal-do-medico-de-portugal