Novembro/2019
Durante décadas no século XX, filhos sãos de pais hansenianos foram, assim como seus pais, vítimas de uma política higienista, segregadora e eugênica, que isolava os doentes em leprosários e hospitais colônias e crianças saudáveis em preventórios.
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Crianças no Preventório Afrânio de Azevedo, em Goiânia. Foto: Heráclides César de Souza Araújo, em “História da Lepra no Brasil”, Imprensa Nacional, 1946
Em 2007, uma lei concedeu reparação às pessoas atingidas pela hanseníase e submetidas a isolamento e internação compulsórios, que passaram a receber pensão especial. Em 2012, a pensão especial foi estendida aos filhos de hansenianos que viveram isolados até o fim de 1986. Porém, para requerimento da pensão, cabe às vítimas apresentar a comprovação de sua situação com “ampla produção de prova documental e testemunhal”. Muitos egressos de preventórios saíram então em busca de seu passado documental.
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Preventório Afrânio de Azevedo em Goiânia. Foto: Heráclides César de Souza Araújo, em “História da Lepra no Brasil”, Imprensa Nacional, 1946
No artigo O “direito à memória”: Escola Eunice Weaver, memória individual e a constituição de um arquivo histórico em Goiás, publicado na seção Fontes da atual edição de HCS-Manguinhos, Leicy Francisca da Silva, professora da Universidade Estadual de Goiás, e Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira, professor da Universidade Federal de Goiás, apresentam a construção do arquivo da Escola Eunice Weaver, em Goiânia – trabalho inédito em uma instituição preventorial de Goiás. Os autores destacam a importância de arquivos como este para o acesso à memória daqueles que foram submetidos à política de profilaxia da lepra, como era então chamada a doença.
Leia em HCS-Manguinhos:
O “direito à memória”: Escola Eunice Weaver, memória individual e a constituição de um arquivo histórico em Goiás, artigo de Leicy Francisca da Silva e Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira (v. 26, n.3, jul./set. 2019)
Filantropia e política de assistência às famílias de doentes de lepra em Goiás, 1920-1962, artigo de Leicy Francisca da Silva (vol.23, n.2, abr./jun. 2016)
E ainda nesta edição…
Pesquisadora analisa memórias de ex-pacientes de hanseníase que viveram isolados
Carla Lisboa Porto, doutora em História e Sociedade pela Unesp/Assis, analisou quatro obras de caráter biográfico e autobiográfico de ex-portadores do mal de Hansen