Mata Atlântica e Baía de Guanabara: entre histórias e desafios

Junho/2023

Entrada da Baía de Guanabara, Niterói, RJ, c. 1885. Foto de Marc Ferrez. Acervo do Instituto Moreira Salles (IMS).

Pesquisadores e especialistas de diversas instituições compõem a mesa de debates “Mata Atlântica e Baía de Guanabara: entre histórias e desafios”, que acontece nesta sexta-feira, dia 2 de junho, às 14h, na Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT), como parte da programação da Semana da Mata Atlântica no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A primeira palestra terá como tema “Despoluição da Baía de Guanabara, três décadas depois” e será ministrada pelo jornalista Emanuel Alencar, que também é mestre em engenharia ambiental pela UERJ e autor do livro “Baía de Guanabara – descaso e resistência”. Ele falará sobre o que aconteceu com o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), iniciado há quase trinta anos, e a situação atual da Baía.

A historiadora Lise Sedrez, do Instituto de História da UFRJ, abordará o mutirão de reflorestamento iniciado, em 1995, no Morro da Babilônia, no Leme, trazendo à tona as relações entre os moradores da favela e seu ambiente biofísico. A pesquisadora recorreu a arquivos e história oral para desvendar as relações entre moradores humanos e não-humanos do local, entre memórias de quilombos e projetos de reflorestamento, e suas transformações nos últimos 30 anos.

Lise Sedrez é doutora em História da América Latina pela Stanford University, com pós-doutorado pelo Rachel Carson Center, Alemanha, e pela UFMG. Pesquisa história ambiental urbana, desastres socioambientais, governança ambiental, e, em particular, a Baía de Guanabara.

Uma experiência na Bahia (estado) e outra na Baía de Guanabara mostram como atores locais, representantes de povos e comunidades tradicionais podem contribuir diretamente na conservação e uso sustentável de unidades de conservação da Mata Atlântica. Na palestra “Protagonismo de populações locais em áreas protegidas da Mata Atlântica: experiências e inspirações de pescadores da APA Guapimirim (RJ) e do povo Pataxó no PARNA Descobrimento (BA)”, o pesquisador Breno Herrera da Silva Coelho, analista ambiental do ICMBio, apresentará os dois casos: a atuação de pescadores artesanais na defesa e monitoramento dos manguezais da Baía de Guanabara (APA Guapimirim) e o pioneirismo do PARNA Descobrimento em atuar em regime de dupla proteção – ambiental e indígena – na conciliação de direitos com a terra indígena Comexatibá, habitada e protegida pelo povo pataxó.

Breno Herrera é doutor em Psicossociologia e Ecologia Social (UFRJ), professor colaborador nos programas de pós-graduação Biodiversidade em Unidades de Conservação (ENBT/JBRJ), Desenvolvimento Territorial (Uerj) e Ecoturismo e Conservação (UNIRIO).

“Ecossistemas da Baía da Guanabara: da diversidade ecológica aos desafios de gestão” é o tema da palestra de Ricardo Voivodic, geógrafo, mestre em Geografia e Gestão do Território pela UFRJ e servidor do INEA. Ele abordará a diversidade de ecossistemas que compõem a bacia hidrográfica da Baía da Guanabara, apresentando aspectos ecológicos da transição desses biomas, sua interface com a ocupação urbana e industrial e dificuldades de gestão, assim como os impactos ambientais decorrentes dessa ocupação. Tratará ainda dos inúmeros dispositivos de gestão do território e sua interface com a gestão por ecossistemas, incluindo as unidades de conservação, os zoneamentos e, especialmente, os conselhos e órgãos colegiados de governança, como o Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía da Guanabara, seus subcomitês e câmaras técnicas.

Ricardo Voivodic é chefe do Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói e atuou como chefe do Serviço de Gerenciamento Costeiro do INEA por seis anos.

A mesa é organizada pela historiadora Alda Heizer (JBRJ e COC/Fiocruz) e terá como mediador Jorge Luiz do Nascimento, mestre em Zoologia pelo Museu Nacional/UFRJ e analista ambiental do ICMBio. Atualmente, ele coordena a Área Temática de Gestão do Conhecimento, Monitoramento e Conservação da Biodiversidade do Parque Nacional da Serra dos Órgãos/NGI ICMBio Teresópolis. Também desenvolve e apoia projetos e ações com foco em gestão socioambiental em unidades de conservação, principalmente no Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense, e é professor convidado do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Territorial (DTur/IGeog/UERJ) e colaborador do Programa de Pós-graduação Profissional Biodiversidade em Unidades de Conservação (ENBT/JBRJ).

O evento é gratuito e aberto ao público.

Mesa de debate: “Mata Atlântica e Baía de Guanabara: entre histórias e desafios
Dia 2/6/2023, às 14h
Auditório Graziela Maciel Barroso
Escola Nacional de Botânica Tropical / Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Solar da Imperatriz – Rua Pacheco Leão, 2040, Horto, Rio de Janeiro.

Fonte: Newsletter do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Leia o Blog e na revista HCS-Manguinhos:

Para imigrantes europeus, a Ilha das Flores

Artigo na revista HCS-Manguinhos (vol.26, n.1, jan/mar 2019) revela que, para evitar contaminações, imigrantes eram levados para Hospedaria na Baía de Guanabara construída em 1883

A Mata Atlântica e a eco-história

No início do século XVI, a Mata Atlântica abrangia mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Hoje, restam apenas cerca de 12% da floresta original. Leia em HCS-Manguinhos: “Destruição e proteção da Mata Atlântica no Rio de Janeiro: ensaio bibliográfico acerca da eco-história”, artigo de Arthur Soffiati (v. 4, n. 2, out 1997)
 

Meio Ambiente: HCS-Manguinhos é vasta fonte de conhecimento!

Já em 1996, HCS-Manguinhosdemonstrava preocupação com o meio ambiente e a história ambiental ao publicar a resenha de Magali Romero Sá sobre o livro A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira, do historiador e brasilianista norte-americano Warren Dean, sobre a história das relações entre o homem e um dos mais importantes ecossistemas mundiais — a Mata Atlântica. Acesse em arquivo PDF (HCS-Manguinhos, v. 3, n. 3, nov 1996).

Jardim Botânico expõe imagens de expedição belga há cem anos

Mostra com fotos da viagem ao Brasil liderada pelo botânico Jean Massart tem curadoria de Alda Heizer, autora de artigo em HCS-Manguinhos. Acesse!
 

Rio-92: olhar retrospectivo, infusão de ânimo

Para o historiador André Felipe Cândido da Silva, o lançamento do documentário “Rio 92: o Futuro do Mundo no Fórum Global” num momento de ceticismo e regressos na agenda social e ambiental é importante para as novas gerações

Antropoceno: dos desastres naturais às tragédias evitáveis

Diante do desastre no litoral norte do estado de São Paulo, compilamos entrevistas, reportagens e artigos relacionados a desastres ambientais e o Brasil no Antropoceno
 

Oceanos e mares em edição temática de HCS-Manguinhos

Onze artigos abordam desde a passagem do navio Beagle pelo Brasil até o mito do Kraken.

Os manguezais e nós: obra de Marta Vannucci é tema de artigo em HCS-Manguinhos

Considerada uma das mais importantes cientistas brasileiras, com diversos artigos e livros publicados, sua trajetória é tema de artigo de Alex Gonçalves Varela, professor do Departamento de História da Uerj

 

 

 Leia em HCS-Manguinhos:

A construção de um país tropical: uma apresentação da historiografia ambiental sobre o Brasil, artigo de José Augusto Pádua e Alessandra Izabel de Carvalho (v. 27, n. 4, out-dez/2020)

“Uma dádiva das marés”: os estudos sobre manguezais da cientista Marta Vannucci em sua trajetória internacional, 1969-1989, artigo de Alex Gonçalves Varela (HCS-Manguinhos, vol. 27 n. 1, jan/mar 2020)

Como manter saudáveis nossos imigrantes: preceitos higienistas na constituição da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, artigo de Luís Reznik e Juliana Carolina Oliveira Costa (vol.26, n.1, jan/mar 2019)

O descanso dos naturalistas: uma análise de cenas na iconografia oitocentista,  Antunes, Anderson Pereira; Moreira, Ildeu de Castro; Massarani, Luisa Medeiros (vol.22, no.3 , jul./set. 2015)

O Brasil no relato de viagens do comandante Robert FitzRoy do HMS Beagle, 1828-1839 – Artigo de Gabriel Passetti (vol.21, n.3, set 2014)

O inventário das curiosidades botânicas da Nouvelle France de Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1744). Kobelinski, Michel.  Mar 2013, vol.20, no.1

Antônio Moniz de Souza, o ‘Homem da Natureza Brasileira’: ciência e plantas medicinais no início do século XIX. Santos, Laura Carvalho dos.  Dez 2008, vol.15, no.4

Notícias sobre uma expedição: Jean Massart e a missão biológica belga ao Brasil, 1922-1923, artigo de Alda Heizer  (v. 15 n. 3 jul/set 2008)

Um caminho para a ciência: a trajetória da botânica Leda Dau, Azevedo, Nara, Cortes, Bianca Antunes and Sá, Magali Romero . 2008, vol.15

Conciliar o útil ao agradável e fazer ciência: Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808 a 1860. Bediaga, Begonha. Dez 2007, vol.14, no.4

O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda metade do século XIX.Sá, Magali Romero. 2001, vol.8

Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem. Kury, Lorelai, vol.8, 2001

Richard Spruce, botânico e desbravador da América do Sul. Seaward, Mark R. D.  Out 2000, vol.7, no.2

Destruição e proteção da Mata Atlântica no Rio de Janeiro: ensaio bibliográfico acerca da eco-história. Soffiati, Arthur, vol.4, no.2, out 1997

 A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira. Sá, Magali Romero, vol.3, no.3, nov 1996

Naturalistas viajantes, artigo de Miriam L. Moreira Leite (vol.1, no.2, fev 1995)