Lilia Moritz Schwarcz, ‘imortal’ da ABL nas páginas de HCS-Manguinhos

Março/2024

Lilia Moritz Schwarcz

A antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, nova “imortal” da Academia Brasileira de Letras (ABL), marca presença duas vezes nas páginas da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, ambas na seção Livros & Redes. 

Eleita em 7 de março de 2024, ela será a 11ª mulher a receber o título de imortal na ABL e ocupará a cadeira 9, que foi do africanista Alberto da Costa e Silva, falecido aos 92 anos em novembro de 2023. Eles eram amigos há mais de 30 anos.

Barbas de dom Pedro

No ano 2000, o livro As barbas do imperador: dom Pedro II, um monarca nos trópicos, de Lilia Moritz Schwarcz, vencedor do Prêmio Jabuti 1999 de Melhor Ensaio e Biografia, ganhou resenha de Marcus Vinicius de Freitas, professor de literaturas portuguesa e brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em HCS-Manguinhos.

Capa de “As barbas do imperador”

Segundo Freitas, o livro de Lilia “busca fazer uma reconstrução da figura e do papel simbólico ocupado pelo imperador Pedro II na história brasileira do século XIX”.

“Focalizando uma vida particular e emblemática a partir de sua encenação pública, Schwarcz extravasa completamente o biografismo e avança para a construção de uma história cotidiana do império”, comenta o autor da resenha.

“Vadiagem” e mecanismos de identificação criminal 

Já em 2004, Lilia Moritz Schwarcz escreveu para HCS-Manguinhos a resenha A vadiagem e sua inscrição nos corpos, sobre o livro Intenção e gesto. Pessoa, cor e a produção cotidiana da (in)diferença no Rio de Janeiro. 1927-1942, de Olívia Maria Gomes da Cunha.

Lilia Schwarcz explica que a obra “faz dos arquivos de identificação um mote para pensar na produção da memória que se constrói sobre certos sujeitos sociais”, elegendo como objetos de estudo os discursos e as práticas de identificação criminal voltados à prevenção da “vadiagem” e repressão dos vadios na década de 1930.

Capa de “Intenção e Gesto”, de Olivia Maria Gomes da Cunha

Segundo ela, o objetivo da autora da obra foi pensar como os discursos sobre a cientifização dos mecanismos de identificação criminal estiveram ligados a determinadas concepções e acabaram por criar imagens e representações a respeito dessa sociedade e dos indivíduos criminalizados que a compunham. Por isso, ‘vadiagem’ aparece no livro como categoria de acusação, utilizada e acionada em diferentes situações.

“A ideia é, assim, buscar nas práticas de identificação não tanto seu lado pragmático, mas sobretudo esse ‘ritual de rotulação’ e de impressão de identidades criminais. Em questão está, portanto, a eficácia”, explica Schwarcz na resenha.

Leia na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos:

A vadiagem e sua inscrição nos corpos, resenha de Lilia Moritz Schwarcz sobre o livro Intenção e gesto. Pessoa, cor e a produção cotidiana da (in)diferença no Rio de Janeiro. 1927-1942, de Olívia Maria Gomes da Cunha (Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2002), Livros & Redes • Hist. cienc. saude-Manguinhos (v. 11, n. 3, dez 2004)

As barbas do imperador, ou a iconografia do império, resenha de Marcus Vinicius de Freitas sobre o livro livro As barbas do imperador: dom Pedro II, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras, 1998), Livros & Redes, Hist. cienc. saude-Manguinhos (v. 6, n. 3, fev 2000)