José Rodrigues Coura sobre Luiz Hildebrando: um patriota com grande visão social

Outubro/2014

Luiz Hildebrando e José Rodrigues Coura recebem Prêmio Fundação Conrado Wessel em 9/06/2014. Foto de Alexandre Almeida/Fiocruz Rondônia

Luiz Hildebrando e José Rodrigues Coura recebem Prêmio Fundação Conrado Wessel em 9/06/2014. Foto de Alexandre Almeida/Fiocruz Rondônia

Pesquisador emérito do Instituto Oswaldo Cruz, José Rodrigues Coura, o nome mais respeitado da medicina tropical e da parasitologia brasileiras, enviou ao blog de HCS-Manguinhos algumas palavras sobre o amigo e colega Luiz Hildebrando Pereira da Silva, falecido em 24 de setembro de 2014, aos 86 anos de idade. Qual a importância de Luiz Hildebrando para a ciência brasileira? O professor Luiz Hildebrando Pereira da Silva foi dos mais importantes pesquisadores da área médica e biomédica do Brasil de todos os tempos. Ao lado do professor Samuel Pessoa, de quem foi discípulo, Luiz Hildebrando participou com o seu mestre de diversas pesquisas sobre endemias no Nordeste e em diversas outras regiões do Brasil, de forma pioneira. Entretanto sua maior contribuição foi ao estudo da malária, a mais importante endemia do mundo, no diagnóstico microscópico, na imunologia e na biologia molecular, em particular na busca de uma vacina. Após ser cassado pelo regime militar por suas posições políticas, Luiz Hildebrando fez carreira na França, onde trabalhou por muitos anos no Instituto Pasteur. Na volta, ajudou a construir uma ponte importante entre as ciências brasileira e a francesa. Além disso, deu grande impulso à medicina tropical na Amazônia (especificamente em Rondônia). Poderia falar um pouco da trajetória de Luiz Hildebrando? Cassado duas vezes pelo regime militar, foi acolhido pelo Instituto Pasteur de Paris, onde fez carreira por mais de 30 anos, de pesquisador a chefe de laboratório e de departamento, algumas vezes acima dos próprios franceses que lá trabalhavam. Aposentado naquele país e anistiado no Brasil, em vez de gozar a sua aposentadoria na Place du Voges, em Paris, nos Jardins, em São Paulo, ou na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, foi montar um Centro de Pesquisas em uma estrada sem número, em Porto Velho, Rondônia, com grande repercussão sobre o conhecimento e o ensino de pós-graduação das endemias naquela região, como um grande patriota que era e com a sua visão social tão grande quanto o Brasil. Foi um exemplo para a juventude e para a ciência no Brasil. Leia em HCS-Manguinhos: Samuel Pessoa: uma trajetória científica no contexto do sanitarismo campanhista e desenvolvimentista no Brasil – Artigo de Carlos Henrique Assunção Paiva (vol.13, no.4, Oct./Dec. 2006) Busque artigos sobre malária, parasitologia, medicina tropical ou temas afins (não use acentos na busca) Leia mais: Mudança de mentalidade – Vídeo da Agência Fapesp homenageia Luiz Hildebrando