Inventário dos lugares de memória do tráfico de escravos está online

Setembro/2013

O ‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil‘, organizado pelo Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense em parceria com o projeto da Unesco “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”, está disponível em PDF na página eletrônica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

O trabalho reúne cem lugares de memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e trocas de informações.

O inventário traz informações sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção, a partir de evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados.

Os organizadores acreditam que o avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão no Brasil permitiu a reunião das 100 indicações, mas têm certeza que o Inventário está longe de se esgotar.

“Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil”, afirma o representante do Projeto Rota do Escravo, Milton Guran, que se reuniu com a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no início deste mês de setembro.

Sobre a escravidão no Brasil, o inventário traz a seguinte explicação: ‘Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais’.

Fonte: Coordenação de Comunicação da SEPPIR

Leia mais:

“Agudás — de africanos no Brasil a ‘brasileiros’ na África”, do fotógrafo e antropólogo Milton Guran (Revista HCSM, v.7, n.2)

Como viviam e morriam os escravos no Brasil?
Treze artigos inéditos do suplemento Saúde e Escravidão da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos revelam como viviam, adoeciam, eram curados ou morriam os escravos e libertos.

“Brasil é um país de colonização mais africana do que europeia” – Segundo Luiz Felipe de Alencastro, o país recebeu quantidade de africanos oito vezes maior que portugueses até 1850

Nota do blog:
Agradecemos a valiosa contribuição do leitor Andre Novellino Gouvêa, que chamou nossa atenção para a origem da imagem que ilustra esse post, replicado do site da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR. Aproveitamos para destacar que estamos abertos a contribuições de leitores que nos ajudem a aperfeiçoar nosso conteúdo. Segue abaixo mensagem do leitor:

“Prezados,
No artigo foi incluída uma foto, como se esta tivesse relação com o tráfico de escravos para o Brasil. Entretanto, esta foto na realidade foi tirada na África Oriental, depois que o tráfico de escravos já havia sido abolido no Brasil em 1850, e os escravos no navio seriam provavelmente destinados a serem vendidos em países árabes. Vocês podem ver a foto nesse arquivo digitalizado: clique aqui. Como se pode ver nesse arquivo, a foto é pertencente a esse álbum fotográfico: clique aqui. Tal álbum foi fotografado por um alemão na África Oriental entre as décadas de 1850 e 1890. Ou seja, nada tem a ver com tráfico de escravos para o Brasil, então faz pouco sentido incluir tal foto no artigo de vocês, como se ela fosse relacionada ao tráfico de escravos direcionado ao Brasil.
Cordialmente, Andre Novellino Gouvêa”