Imagens da escravidão

Fevereiro/2014

Emancipação, inclusão e exclusão por Lilia Schwarcz, Maria Helena Machado e Sergio Burgi | IMS
O registro fotográfico feito sobre negros – livres, escravizados ou libertos – no Brasil é pautado por duas especificidades. De um lado a fotografia entrou cedo no país, contando, já nos finais dos anos 1860, com clientela certa, que dentre outros incluía o imperador d. Pedro II; ele próprio um imperador fotógrafo. De outro lado a escravidão tardou demais a acabar, guardando ao Brasil a triste marca de ser o último país do Ocidente a admitir tal tipo de sistema. Dessa confluência, em certo sentido perversa, resultou um registro amplo e variado desse sistema de trabalho e de seus trabalhadores escravizados. Por vezes tomados ao acaso, por vezes figurando como modelos exóticos ou tipos para a análise da ciência; ora como parte do cenário, ora como figuras principais, escravizados foram flagradas nas mais diversas situações. Num momento em que a captura da imagem realizava-se através de um processo mais complexo e lento, devido às próprias limitações da técnica, vários fotógrafos que entraram no país construíram uma representação com forte elaboração estética e formal: os trópicos, a natureza e seus habitantes foram registrados em câmeras de grande formato sobre tripés, que aproximam o resultado da imagem fotográfica do período aos padrões da pintura de cavalete. A natureza do Brasil – com suas grandes cascatas, florestas virgens, mar profundo e paisagens edênicas – adquire caráter icônico e onírico, quase idealizado, assim como, de alguma maneira, seus nativos. Confira aqui o material completo Fonte: Instituto Moreira Salles   Leia em HCSM: – Como viviam e morriam os escravos no Brasil?