IBGE: berço inusitado do método qualitativo de pesquisa social no Brasil

Novembro/2020

Maria Cecília Minayo

O método qualitativo de pesquisa social no Brasil teve um berço inusitado: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), centro da pesquisa censitária nacional. Nos anos 1970, o Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef) analisou as condições de vida da população brasileira, numa amostra de 55.311 pessoas, em que foram triangulados dados quantitativos e qualitativos. A parte qualitativa contou com as anotações de campo de 1.200 agentes.

A pesquisa evidenciou que 62,7% das famílias possuíam deficiência calórica; 40%, penúria alimentar; havia 115 óbitos por mil nascidos vivos; e a expectativa de vida era de apenas 59 anos. A divulgação da pesquisa foi proibida pela ditadura militar.

“Exatamente pela crueza das informações que apresentava de forma inédita, ao Endef faltou amparo político do governo para, a partir dos dados, enfrentar a fome e a desnutrição, colocando-as como prioridades do planejamento nacional”, relata Maria Cecília de Souza Minayo, pesquisadora emérita do Centro Latino-americano de Estudos de Violência e Saúde da Fiocruz, no artigo Origem inusitada da pesquisa qualitativa em ciências sociais no Brasil, publicado na revista HCS-Manguinhos (v. 27, n. 3, jul/set 2020).

Leia em HCS-Manguinhos:

Origem inusitada da pesquisa qualitativa em ciências sociais no Brasil, artigo de Maria Cecilia Minayo (v. 27, n. 3, jul/set 2020)