Abril/2018
César Guerra Chevrand | COC/Fiocruz
A expansão da medicina chinesa na era da migração global (1850-1930). A autoria científica do doutor Chernoviz e o seu dicionário de medicina popular. A construção do relatório sobre as condições médico-sanitárias do vale do Amazonas, a partir da expedição do Instituto Oswaldo Cruz pelo Acre. Os fundamentos do projeto médico-científico de Nise da Silveira e a criação de um ateliê criativo no antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. A conformação do câncer em problema médico-social relevante no Ceará, entre 1940 e 1954.
Esses são alguns dos destaques da nova edição da revista científica História, Ciências, Saúde – Manguinhos, relativa aos meses de janeiro a março de 2018. Apostando mais uma vez na diversidade de temas e abordagens, o número 1 do volume 25 do periódico também apresenta, entre seus artigos inéditos, uma análise do trabalho de Luís Cebola, destacando a poética da psique humana e o médico como mediador entre o universo da doença mental e a sociedade, e uma reflexão sobre a produção literária do poeta paraibano Augusto dos Anjos, sob a perspectiva da neuropsiquiatria.
Carta dos Editores
Na carta de apresentação da nova edição, os editores científicos da revista, André Felipe Cândido da Silva e Marcos Cueto, aproveitam os 25 anos de HCS-Manguinhos, a serem comemorados em 2019, para fazer um balanço das últimas conquistas e das perspectivas para o periódico nos próximos anos. Além de frisar a importância das mídias sociais para a divulgação do periódico, que desde 2013 mantém blogs nacional e internacional, Twitter e Facebook, André Felipe e Marcos Cueto celebram o crescimento significativo de submissões de artigos, sobretudo de autores afiliados a universidades de América Latina, Portugal e Espanha.
O aniversário de 25 anos da História, Ciências, Saúde – Manguinhos no ano que vem será festejado com a organização de uma conferência internacional sobre os desafios da editoria científica de periódicos da área de humanas. Os editores também planejam a intensificação do processo de internacionalização, aprimoramento da equipe editorial e sustentabilidade financeira da revista. Ainda de acordo com os editores científicos, o objetivo é construir “uma revista com muitos materiais bilíngues (português e inglês, ou espanhol e inglês) que sejam relevantes e tenham impacto no Brasil, nos outros países da América Latina e no resto do mundo”.
Fontes
Os acervos dos departamentos de Arquivo e Documentação e de Saneamento e Saúde Ambiental, na Fiocruz, e o da família são a fonte de consulta para a pesquisa sobre a atuação de Szachna Eliasz Cynamon no Programa Vale do Rio Doce (1952-1960). Nascido na Polônia e formado em engenharia sanitária no Brasil, Eliasz Cynamon se dedicou ao tratamento e abastecimento de água e esgoto sanitário, além de realizar cursos de educação sanitária para a população local, como parte de acordo de cooperação Brasil-EUA. Assinam a pesquisa Renato Gama-Rosa Costa, Simone Cynamon Cohen e Camila Nunes Soterio.
No outro trabalho da seção Fontes, a professora da Universidade Estadual de Campinas Heloísa Helena Rocha analisa o relatório de atividades produzido pelo doutor Sebastião Barroso, chefe do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural da Bahia, em 1922. Além de informações sobre as iniciativas relacionadas a epidemias rurais, o documento apresenta um resumo dos “relatórios dos profissionais responsáveis pelos postos de profilaxia rural e de tabelas contendo dados sobre os trabalhos nas diferentes regiões do estado, as notificações recebidas e as despesas realizadas”.
Livros & Redes
Seis resenhas fazem parte da seção Livros & Redes na nova edição da HCS-Manguinhos. Em Reconsidering the peripheral in global health, João Nunes (University of York) analisa o premiado livro de Marcos Cueto e Steven Palmer, Medicina e saúde pública na América Latina: uma história. A obra Educación higiénica y cine de salud en México, 1925-1960, de María Rosa Gudiño Cejudo, é o objeto da resenha de Karina Inés Ramacciotti (Universidad Nacional de Quilmes). Em Los desafíos de la salud laboral: problemas históricos y contemporâneos, María Fernanda Vásquez (Universidade Federal de Santa Catarina) discute La salud laboral en el siglo XX y el XXI: de la negación al derecho a la salud y la enfermedad, de Oscar Gallo e Eugenio Castaño.
Sobre naufragios y rescates: una historia social reciente sobre la ciencia é o nome da resenha de María Silvia Di Liscia (Universidad Nacional de La Pampa) sobre Contra viento y marea: emergencia y desarrollo de campos científicos en la periferia: Argentina, segunda mitad del siglo XX, de Pablo Kreimer. No texto Entre medo e audácia: paradoxos da modernização brasileira, Regina Horta Duarte (Universidade Federal de Minas Gerais) discute a obra de Teresa Cribelli: Industrial forests and mechanical marvels: modernization in nineteenth-century Brazil. Em O poder da história, Daniel Afonso da Silva (Universidade de São Paulo) analisa o livro Ce que peut l’histoire, de Patrick Boucheron.
Acesse o Sumário da edição (vol.25, n.1, jan./mar. 2018)