Julho/2019
Para comemorar os 25 anos de História, Ciências, Saúde – Manguinhos, pedimos a personalidades expoentes da área para darem depoimentos sobre a revista e sua relação com ela. Gustavo Caponi, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador do CNPq, conheceu a revista há mais de 20 anos, e desde 2001 publica nela artigos sobre filosofia e história da biologia.
“Meu primeiro contato com Manguinhos foi no final dos anos 90. Deve ter sido em 1997. Sandra, minha esposa, viajou para o Rio para participar de um evento, e na mala trouxe todos os números publicados até aquele momento. Lembro que tanto a qualidade gráfica do material quanto o tema dos artigos me impressionaram. E me animaram. Mas, ao contrário de Sandra, que não demorou em publicar alguns artigos por lá, não a considerei, inicialmente, como uma revista em que pudesse publicar meus trabalhos. Naquele momento, depois de um longo hiato de quase dez anos, eu estava apenas retomando meu trabalho em filosofia da biologia, e nunca havia feito nada em história da biologia.
A situação mudou em Paris, no meu primeiro pós-doutorado, entre setembro de 1999 e agosto de 2000. Nesse ano, estava muito perto de Jean Gayon, e comecei a complementar os meus pensamentos sobre vários temas de filosofia da biologia com trabalhos em história da biologia. Assim, tendo percebido, em Paris, que Manguinhos já era uma revista reconhecida internacionalmente, decidi (ousei) dar Jaime Benchimol o que foi a minha primeira publicação sobre temas de história da biologia: o trabalho sobre Claude Bernard, que resultou da pesquisa realizada em Paris 7. Terminei e enviei, pouco antes de começar a arrumar as malas para voltar a Florianópolis.
O artigo foi publicado em 2001, e por essa razão, pode-se dizer que, do ponto de vista institucional, Manguinhos foi minha porta de entrada na história da biologia. Além disso, os interesses que me levaram a escrevê-lo são os mesmos que governaram todo o meu trabalho posterior como historiador da biologia: do que fiz sobre Cuvier ao meu último livro, sobre Claude Bernard, publicado em Bogotá, em 2018.
Depois disso, também enviei algumas coisas da filosofia da biologia para Manguinhos. Entre eles, um dos meus trabalhos que mais circulou: “Entre Paley e Demócrito”. Mas, em geral, minhas contribuições na revista foram trabalhos de história da biologia. De qualquer forma, a verdade é que devo muito a Manguinhos: seus editores e todo o grupo que a faz acontecer. E espero continuar participando dessa história. É mais: já sei qual será meu próximo envio para a revista, mas ainda não consegui escrever … só posso dizer que é uma questão que me perseguiu durante décadas.”
Artigos de Gustavo Caponi em HCS-Manguinhos:
Jean Gayon: historiador y filósofo de la biología (Saint-Maur-des-Fossés, 15/6/1940 – Paris, 28/4/2018). Set 2018, vol.25, no.3
La discontinuidad entre lo humano y lo animal en la Historia natural de Buffon. Jan 2017, vol.24, no.1
Los taxones como tipos: Buffon, Cuvier y Lamarck. Mar 2011, vol.18, no.1
La miseria de la degeneración: el materialismo de Buffon y las ‘limitaciones’ de su transformismo. Set 2009, vol.16, no.3
Un fisiólogo entre bambalinas: Claude Bernard y la función del páncreas. Jun 2009, vol.16, no.2
Física del organismo vs hermenéutica del viviente: el alcance del programa reduccionista en la biología contemporánea. Jun 2007, vol.14, no.2
Darwin: entre Paley y Demócrito. Dez 2003, vol.10, no.3
Claude Bernard y los límites de la fisiología experimental. Ago 2001, vol.8, no.2
Leia no Blog de HCS-Manguinhos:
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Akira Homma: classificação máxima graças à excelência das publicações
O renomado epidemiologista da Fiocruz destaca a pontuação mais alta de HCS-Manguinhos no sistema Qualis-Capes (A1)
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Ex-presidente da Fiocruz dirigia a Casa de Oswaldo Cruz quando a revista foi lançada, em 1994
Cecilia Minayo: ‘Que outros 25 anos venham, pois a história não para’
“Há duas formas de avaliar uma publicação científica: sua periodicidade e adequação aos melhores parâmetros de produção; e seu conteúdo e contribuição para a ciência e a sociedade. HCSM cumpre maravilhosamente as duas funções, sendo indispensável”.
Nara Azevedo: entusiasta da criação de uma revista única em seu campo
Quando foi diretora da Casa de Oswaldo Cruz, a pesquisadora conseguiu um orçamento específico para que a revista pudesse produzir versões de artigos em inglês, com o objetivo de lançar a revista em uma plataforma internacional
Nelson Sanjad: “HCS-Manguinhos contribuiu para a profissionalização do fazer editorial no Brasil”
Para o pesquisador, que é editor adjunto desde 2015, a influência exercida pela revista no cenário editorial brasileiro foi muito positiva para elevar o patamar de qualidade das revistas científicas na área das ciências humanas.
Depois do incêndio, registros de importância ímpar
Para Ricardo Ventura Santos, pesquisador titular da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e professor titular do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ, HCS-Manguinhos guarda registros de um tesouro perdido.
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Para a professora da UFMG, a revista teve papel pioneiro no aprimoramento de procedimentos de julgamento entre pares e de excelência de edição
Maria Ligia Prado destaca a amplitude de temas e a perspectiva interdisciplinar inovadora de HCS-Manguinhos
“A revista se tornou uma referência inescapável para quem se dedica ao estudo da história, das ciências e da saúde”, afirma a professora, sobre os 25 anos da revista
Maria Amélia Dantes destaca a iniciativa de HCS-Manguinhos de
difundir as pesquisas feitas fora do eixo Rio-SP
Professora sênior do Departamento de História da FFLCH da USP afirma que a revista contribuiu para o fortalecimento e a profissionalização da área de história das ciências no Brasil
Baixe a apresentação com depoimentos sobre os 25 anos de HCS-Manguinhos em PDF