Dezembro/2015
Em função do grande aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil, atribuído ao vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o Governo Federal lançou no último sábado (5/12), no Recife (PE), o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia.
Dividido em três eixos de ação – mobilização e combate ao mosquito; atendimento às pessoas; e desenvolvimento tecnológico, educação e pesquisa – o plano é resultado da criação do Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional, que envolve 19 órgãos e entidades.
Será instalada no Ministério da Integração Nacional a Sala Nacional de Coordenação Interagências, que funcionará no Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). Também serão instaladas salas estaduais, que contarão com a presença de representantes do Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde, Educação, Segurança Pública (PM e Bombeiros), Assistência Social, Defesa Civil e Forças Armadas.
Serão realizadas mobilizações com agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias e a população para a eliminação de focos do mosquito. O Governo vai disponibilizar equipamentos para aplicação de inseticidas e larvicidas e garantir a compra dos insumos.
As Forças Armadas e a Defesa Civil vão dar apoio logístico para transporte e distribuição de inseticidas e de profissionais de saúde. Os dois órgãos também vão atuar em visitas a residências para eliminação e controle do vetor, além de mobilizações de prevenção como mutirões. O Aedes aegypti transmite os vírus dengue, chikungunya e zika.
O Programa Saúde na Escola vai envolver professores, alunos e familiares no combate ao mosquito. Universidades públicas e privadas e institutos federais serão incentivados a participar das atividades de prevenção e eliminação do vetor. Também serão realizadas ações de mobilização entre os profissionais e usuários dos Centros de Referência de Assistência Social, da Rede de Segurança Alimentar e beneficiários do Bolsa Família.
Está prevista a capacitação de profissionais das áreas de saúde, educação, assistência social, defesa civil e militar, além de profissionais de reabilitação e os especializados em resposta epidemiológica e equipes de saúde da família. Serão habilitados, ainda, profissionais de saúde das maternidades para triagem auditiva neonatal e dos 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública Estaduais para realização de exame para identificação do vírus Zika.
Para garantir o cuidado adequado às gestantes e bebês, o Ministério da Saúde disponibilizou aos profissionais de saúde o Protocolo e Diretrizes Clínicas para o atendimento da microcefalia.
O Ministério da Saúde informou que irá ampliar a cobertura de tomografias e apoiar a criação de centrais regionais de agendamento dos exames. Para tratar dos bebês com a malformação, está prevista a ampliação do atendimento do plano Viver sem Limite, voltado à pessoa com deficiência.
Profissionais da Atenção Básica e os profissionais do Programa Mais Médicos também serão envolvidos nas ações de promoção, prevenção e assistência aos pacientes. A Rede Cegonha vai fortalecer a atenção para gestantes e crianças. Cadernetas da Gestante – com orientações fundamentais ao pré-natal – e testes rápidos de gravidez serão enviados às unidades de saúde.
O Governo Federal informou que vai incentivar a realização de pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao diagnóstico do vírus zika e suas correlações, além de fomentar pesquisas para o controle do Aedes aegypti com técnicas inovadoras. A microcefalia, outras malformações congênitas e as síndromes neurológicas, como a Guillain-Barré, também serão estudadas.
Fonte das informações: Agência Saúde/Ministério da Saúde
Saiba mais:
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Perguntas e respostas sobre microcefalia
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Leia em História, Ciências, Saúde – Manguinhos:
Cidade-laboratório: Campinas e a febre amarela na aurora republicana, artigo de Valter Martins, vol.22, n.2, jan./abr. 2015
Combates sanitários e embates científicos: Emílio Ribas e a febre amarela em São Paulo Artigo de Marta de Almeida, vol.6, no.3, Fev 2000
Da ‘abominável profissão de vampiros’: Emílio Goeldi e Os mosquitos no Pará (1905) Artigo de Nelson Sanjad, vol.10, no.1, Abr 2003
Representação e intervenção em saúde pública: vírus, mosquitos e especialistas da Fundação Rockefeller no Brasil Artigo de Ilana Löwy, vol.5, no.3, Fev 1999
Dengue no Brasil, entrevista, Keyla Marzochi et al, vol.5, no.1, Jun 1998
Leia no Blog de HCS-Manguinhos:
Dengue: pesquisador aponta falta de vontade política e de investimento
Rodrigo Cesar da Silva Magalhães é autor da tese “A campanha continental para a erradicação do Aedes aegypti da OPAS e a cooperação internacional em saúde nas Américas (1918-1968)”, premiada como melhor tese de 2014 pela Sociedade Brasileira de História das Ciências.