Fraude e regulação de alimentos no Brasil: reflexos da Primeira Guerra

Junho/2017

Durante a Primeira Guerra Mundial, no Rio de Janeiro e em São Paulo, casos de fraudes e escândalos relacionados ao comércio de alimentos passaram a ser frequentemente noticiados pelos grandes jornais. Era a primeira vez que os consumidores das classes médias e altas eram atingidos pela “indústria da fraude”, da qual tomavam parte não apenas ambulantes, quitandeiras e outros pequenos vendedores e varejistas, mas também produtores de renome, cujo público-alvo eram pessoas de maior poder aquisitivo.

A cervejaria paulistana Antarctica, por exemplo, em 1916, por falta de cevada, antes importada do Império Austro-húngaro, passou a utilizar arroz para elaboração da cerveja. Já o famoso grupo industrial da família Matarazzo foi acusado, em 1918, de vender óleo de algodão, de qualidade inferior, como azeite de oliva italiano. No alvo das críticas estavam as autoridades sanitárias, evidentemente incapazes de reprimir a fraude.

O artigo “Guerra aos envenenadores do povo!” Os inícios da regulação de alimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro, 1889-1930, de Sören Brinkmann, professor do Instituto de Estudios Europeos da Universidad del Norte, Colombia, discute como a Primeira Guerra Mundial disparou uma dramática crise alimentar que trouxe consigo um aumento massivo de falsificações, gerando enorme celeuma em meio ao grande público. O texto demostra que a questão da regulação do comércio alimentar foi seguidas vezes postergada em razão da existência de outras prioridades. Isso mudou apenas com as reformas sanitárias dos anos 1920, o que permite identificar a crise alimentar da Primeira Guerra Mundial como ponto decisivo para a responsabilização do Estado brasileiro nesse âmbito.

Leia em HCS-Manguinhos:
“Guerra aos envenenadores do povo!” Os inícios da regulação de alimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro, 1889-1930, artigo de Sören Brinkmann (vol.24, no.2, abr./jun. 2017)

Acesse o sumário da edição (vol.24, no.2, abr./jun. 2017)
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