Março/2025
De 1964 a 1969, a Capes viveu um período conturbado, começando pela demissão de seu idealizador e primeiro presidente por quase 15 anos (1951-1964), o educador Anísio Teixeira, e sua substituição por Susana Gonçalves, contraparente do general Castelo Branco e funcionária da reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Foi o início a uma fase marcada pela frequente substituição de dirigentes.
O artigo A direção da ciência na ditadura: um perfil dos dirigentes da Capes, do CNPq e da Finep, 1964-1985, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 31, 2024), apresenta uma prosopografia daqueles que ocuparam altos cargos na política de ciência e tecnologia no Brasil durante a ditadura militar. O texto traça um perfil social dos dirigentes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) entre 1964 e 1985, considerando variáveis como sexo, região de origem, curso e universidade de formação, e atuação.
Segundo os autores, Maria Caramez Carlotto e Demétrio G.C. de Toledo, professores da Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, SP, a pesquisa revelou que a direção da política de ciência e tecnologia do Brasil durante a ditadura foi controlada por professores homens formados em cursos profissionais tradicionais, o que aproxima seus dirigentes do perfil dos gestores das universidades nacionais. “Propomos uma abordagem ancorada na sociologia histórica, atenta à trajetória social dos agentes e aos conflitos do campo acadêmico-científico”, afirmam.
Para Carlotto e Toledo, a extinção do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2016, e a consequente crise de financiamento encerrou mais um ciclo da história das políticas de ciência, tecnologia e inovação no país.
“A recriação do ministério em 2023, que passou a ser ocupado pela primeira vez na história por uma mulher, abre um novo contexto, em que continua urgente realizar um balanço das iniciativas de financiamento ao desenvolvimento científico, tecnológico e tecnoprodutivo promovido no país em períodos mais recentes. Este artigo é parte desse esforço, que provavelmente mobilizará uma parte importante do campo de estudos de CTS no país”, afirmam.
Leia em HCSM:
A direção da ciência na ditadura: um perfil dos dirigentes da Capes, do CNPq e da Finep, 1964-1985, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 31, 2024)