24/03/2022
Neste 24 de março de 2022, Dia Mundial do Combate à Tuberculose, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, lembrou da necessidade de enfrentamento da doença que, apesar de evitável e curável, é atualmente a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas, superada apenas pela Covid-19.
“Precisamos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), ampliar a participação da sociedade civil e promover políticas públicas que reduzam a vulnerabilidade social das populações mais afetadas”, afirmou a socióloga, que é pesquisadora e professora da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e autora de artigos na revista HCS-Manguinhos. Em 2020, no Brasil, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença. Todo ano, a fim de mobilizar atenções e esforços, a Fiocruz ilumina o Castelo Mourisco de vermelho.
Tuberculose Drogarresistente no Brasil
Nísia Trindade Lima também convidou o público a consultar o Boletim Epidemiológico de Tuberculose Drogarresistente, lançado pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga (Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz), que traz um panorama epidemiológico da tuberculose drogarresistente (TBDR) no Brasil. Saiba mais na Agência Fiocruz de Notícias.
TB nas Américas
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) sobre tuberculose indicam que a cada dia nas Américas mais de 70 pessoas perdem a vida e quase 800 são infectadas com a doença. Estima-se que 18.300 mil crianças e adolescentes menores de 15 anos vivam com tuberculose nas Américas, metade delas com menos de cinco anos de idade. Mais da metade desse total não tem acesso a serviços de diagnóstico e tratamento, e as mortes anuais podem ter aumentado em cerca de 3 mil na região devido à interrupção de serviços essenciais devido à pandemia em 2020.
Aumento no mundo
Pela primeira vez em mais de uma década, as mortes por tuberculose aumentaram, de acordo com o relatório global de tuberculose da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021, divulgado em outubro do ano passado, com dados consolidados de 2020. O aumento que pode ser creditado à pandemia de Covid-19, que reverteu anos de progresso no combate à doença. Os dados da OMS demonstram que a pandemia sobrecarregou os sistemas de saúde em 2020, o que impediu as pessoas de procurarem ajuda médica. Com muito menos pessoas sendo diagnosticadas e tratadas, em comparação com 2019, mais pessoas morreram de tuberculose.
Segundo a OMS, embora 66 milhões de vidas tenham sido salvas em todo o mundo desde 2000, a mortalidade por tuberculose aumentou em 2020 pela primeira vez em mais de uma década. Além disso, os conflitos que atingem o Leste Europeu, a África e o Oriente Médio agravaram a situação vivida por grupos populacionais vulneráveis.
Os gastos gerais com serviços essenciais para a doença diminuíram, e a OMS lançou campanha para o aumento dos investimentos. Os gastos globais com diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose em 2020 foram menos da metade da meta global de US$ 13 bilhões por ano prevista para 2022. De acordo com a OMS, é necessário um adicional de US$ 1,1 bilhão por ano para pesquisa e desenvolvimento.
Dia Mundial da Tuberculose
O Dia Mundial da Tuberculose é celebrado em 24 de março de cada ano para aumentar a conscientização sobre uma das principais causas infecciosas de morte do mundo e catalisar ações para lidar com seu impacto devastador na saúde, social e econômico em todo o mundo. O tema da campanha da OMS de 2022 é “Invista no fim da tuberculose. Salve vidas” e transmite a necessidade urgente de investir em recursos financeiros, humanos e tecnológicos para intensificar o combate à doença e cumprir os compromissos assumidos pelos líderes mundiais.
Veja o que a revista HCS-Manguinhos e seus blogs nacional e internacional já publicaram sobre tuberculose.
Leia no Blog de HCS-Manguinhos em português:
‘Ainda se atribui ao paciente tuberculoso a responsabilidade pela doença’, afirma Cláudio Bertolli Filho
O Blog de HCS-Manguinhos convidou o antropólogo Claudio Bertolli Filho, professor da Unesp, para falar sobre a doença ontem e hoje
A tuberculose ontem e hoje
Relatório de 2017 da OMS aponta queda de mortalidade, mas doença ainda preocupa, principalmente na Ásia e na África
Liga de 1900 é marco na luta contra a tuberculose no Brasil
Em entrevista para o Especial Tuberculose da Agência Fiocruz de Notícias, a historiadora da Casa de Oswaldo Cruz Dilene Raimundo do Nascimento abordou o trabalho de médicos e intelectuais do início do século passado
Suíça brasileira
Artigo em HCS-Manguinhos discute a construção da estância climática de Campos do Jordão sob influência do médico, geógrafo e empreendedor Domingos Nogueira Jaguaribe Filho
Uma breve história da tuberculose
Publicação bilíngue (inglês/português) da Universidade de York traz imagens e textos analíticos
‘La ciudad impura’, de Diego Armus, disponível para download gratuito
Livro reconstrói a história social da tuberculose em Buenos Aires entre 1870 e 1950
Retratos dos pulmões
Reportagem da Pesquisa Fapesp aborda a invenção da abreugrafia, a máquina para detectar tuberculose, rememorada no livro O mestre das sombras – Um raio X histórico de Manoel de Abreu.
Leia no Blog internacional de HCS-Manguinhos:
Artigos em HCS-Manguinhos:
Agostoni, Claudia. Del “armamento antituberculoso” al Sanatorio para Tuberculosos de Huipulco en la Ciudad de México, 1920-1940. Abr 2019, vol.26, no.2
Altink, Henrice. The black scourge? Race and the Rockefeller Foundation’s tuberculosis commission in interwar Jamaica. Oct 2017, vol.24, no.4
Cavalcanti, Juliana Manzoni. Uma história institucional da tuberculose no Chile: o Programa de Controle da Tuberculose, 1973-2013. Dez 2016, vol.23, no.4
Martins, William de Souza. A clausura enferma: petições para a saída do Convento da Ajuda no Rio de Janeiro para tratamento de doenças contagiosas, c.1750-1780. Set 2016, vol.23, no.3
Bedrikow, Rubens. Esclarecendo o caso dos homônimos Manoel de Abreu. Set 2015, vol.22, no.3
Vianna, Paula V. Carnevale, Zanetti, Valéria and Papali, Maria Aparecida Geografia, saúde e desenvolvimento urbano no interior paulista na passagem para o século XX: Domingos Jaguaribe e a construção da Estância Climática de Campos do Jordão. Dez 2014, vol.21, no.4
Costa, Luís Manuel Neves. A Assistência da Colónia Portuguesa do Brasil, 1918-1973. Jun 2014, vol.21, no.2
Herrero, Maria Belen and Carbonetti, Adrian. La mortalidad por tuberculosis en Argentina a lo largo del siglo XX. Jun 2013, vol.20, no.2
Ayres, Lílian Fernandes Arial et al. As estratégias de luta simbólica para a formação da enfermeira visitadora no início do século XX. Set 2012, vol.19, no.3
Ortega Martos, Antonio Miguel. ¿Colonialismo biomédico o autonomía de lo local? Sanadores tradicionales contra la tuberculosis. Dic 2010, vol.17, no.4
Álvarez, Adriana. La experiencia de ser un ‘niño débil y enfermo’ lejos de su hogar: el caso del Asilo Marítimo, Mar del Plata (1893-1920). Mar 2010, vol.17, no.1
Santos, Luiz Antonio de Castro and Faria, Lina Em busca da aldeia sanitária: tuberculose, saúde e cultura na Argentina desde finais do século XIX. 2010, vol.17, no.3
Zanetti, Valéria et al. O Boletim Médico: prescrição dos tisiólogos para a cura da cidade de São José dos Campos (1930-1935). 2010, vol.17, no.3
Fernandes, Tania Maria. Sol e trevas: histórias sociais da tuberculose brasileira. Dez 2004, vol.11, no.3
Antunes, José Leopoldo Ferreira et al. Tuberculose e leite: elementos para a história de uma polêmica. Dez 2002, vol.9, no.3
Armus, Diego. Milonguitas” en Buenos Aires (1910-1940): tango, ascenso social y tuberculosis. 2002, vol.9
Sheppard, Dalila de Sousa. A literatura médica brasileira sobre a peste branca: 1870-1940. Jun 2001, vol.8, no.1
Pôrto, Ângela. A vida inteira que podia ter sido e que não foi: trajetória de um poeta tísico. Fev 2000, vol.6, no.3
Bertolli Filho, Claudio. Antropologia da doença e do doente:percepções e estratégias de vida dos tuberculosos. Fev 2000, vol.6, no.3
Carbonetti, Adrián Carlos Alfredo. La tuberculosis en la literatura argentina: tres ejemplos a través de la novela el cuento y la poesía. Feb 2000, vol.6, no.3
Gonçalves, Helen. A tuberculose ao longo dos tempos. Out 2000, vol.7, no.2
Soares, Pedro Paulo. A dama branca e suas faces: a representação iconográfica da tuberculose. Out 1994, vol.1, no.1