Ensinar a pescar

Fevereiro/2020

Alunos da EPDV reparando redes de pesca. Fotos: Agência Nacional, 2 de janeiro de 1944. Acervo do Arquivo Nacional.

Ilha da Marambaia, Mangaratiba, Rio de Janeiro, início dos anos 1940. As fotos em preto e branco remetem a uma era em que o governo via no cidadão um trabalhador apto a contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Com o objetivo de fornecer ensino técnico e profissional de pesca aos filhos de pescadores locais e de diversas regiões litorâneas do país, a Escola de Pesca Darcy Vargas (EPDV) foi criada em 1939 como um dos departamentos da instituição filantrópica Abrigo do Cristo Redentor (ACR).

Na primeira série, os alunos aprendiam a pesca “arrastão”, depois, a pesca de caniço ou de linha e, por fim, a pesca industrial, em embarcações motorizadas. Pescavam sardinha, peixes de fundo e, sobretudo, cação e boto.

Nas fábricas, eram envolvidos em todas as etapas de preparação da sardinha em conserva, da limpeza do peixe à sua arrumação nas latas. Os alunos ainda aprendiam a construir barcos e fazer peças para diversas embarcações.

No artigo A Escola de Pesca do Abrigo Cristo Redentor do Rio de Janeiro e a formação profissional do pescador brasileiro no Estado Novo, 1937-1945, Mônica Cruz Caminha, doutoranda do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV), revela os primeiros anos da escola, que trouxe à região uma ampla infraestrutura.

Alunos aprendem a construir e consertar barcos. Foto: Agência Nacional, 2 de janeiro de 1944. Arquivo Nacional.

Aluno limpa sardinhas sob as vistas de Vargas e sua comitiva. Foto: Agência Nacional, 13 de janeiro de 1945. Arquivo Nacional.

Em 1941, eram dez pavilhões, igreja, hospital-maternidade, ambulatório, padaria, lavanderia, fábrica de gelo, fábrica de conservas, fábrica de óleo de fígado de cação, fábrica de redes, oficina e estaleiro de construção naval, frigoríficos, dependências técnicas para o ensino da pesca, quarenta casas de pescadores, 12 residências de funcionários e 15 residências para os empregados da seção industrial.

O objetivo era criar não apenas um educandário, mas também uma vila onde a família do pescador pudesse viver com infraestrutura e higiene, e pudesse vender o pescado diretamente ao entreposto.

Ricamente ilustrado com fotografias da Agência Nacional, o artigo, publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (vol. 26, supl.1, dez. 2019), registra também uma visita do presidente Getúlio Vargas à ilha, em 1945, com uma comitiva.

Para incrementar a sua pesquisa, a autora está em busca de ex-alunos ou profissionais que trabalharam na escola e possam dar testemunhos ou pessoas que tenham material sobre a instituição dos anos 1940 a 1960 ou ainda sobre as demais unidades do Abrigo Cristo Redentor. Interessados devem entrar em contato pelo e-mail monica.cruzcaminha@gmail.com.

Leia em HCS-Manguinhos:

A Escola de Pesca do Abrigo Cristo Redentor do Rio de Janeiro e a formação profissional do pescador brasileiro no Estado Novo, 1937-1945, artigo de Mônica Cruz Caminha (vol. 26, supl.1, dez. 2019)

Acesse o sumário do suplemento Filantropia e Estado – novos paradigmas (vol.26, supl.1, dez. 2019)

Leia no Blog de HCS-Manguinhos: