Dezembro/2025

Iguana no QuitoZoo. Foto: Diego Tirira, 2014 / Wikimedia
Conversas, interações e reações emocionais durante visitas familiares ao QuitoZoo, Equador, foram estudadas por pesquisadores do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, do Brasil, e pesquisadores e gestores do zoológico de Quito. O estudo qualitativo e exploratório visou aprofundar o conhecimento sobre a experiência familiar em zoológicos.
Participaram da pesquisa nove grupos familiares compostos por no mínimo um adulto e uma criança de até 12 anos e no máximo seis pessoas. No total, foram quarenta participantes – 26 adultos e 14 crianças.
Após cada adulto responsável responder um questionário sobre o perfil socioeconômico familiar, a visita ao zoológico foi realizada de forma livre, com mediadores podendo ser acessados quando necessário, em locais aleatórios ou previamente determinados.
Uma criança de cada grupo usou na cabeça uma câmera GoPro durante toda a visita, registrando dados audiovisuais da família, carregados no software Dedoose e categorizados por um protocolo previamente preparado.
Segundo os pesquisadores, as conversas que prevaleceram neste estudo estavam relacionadas à ciência e aos animais. A leitura das placas informativas revelou-se significativa para identificar espécies, confirmar informações e complementar conhecimentos. A qualidade das placas e sua atratividade com imagens contribuíram para o engajamento cognitivo compartilhado. Também se mostrou relevante o histórico dos animais, que muitas vezes são resgatados do tráfico ilegal, enriquecendo a experiência dos visitantes ao promover uma conexão mais profunda com a missão do zoológico.
“Os familiares interagiram e conversaram sobre temas de ciência que refletiam emoções e conexões. Usaram estratégias de envolvimento cognitivo e construíram significado a partir das experiências na exposição, o que pode auxiliar na aprendizagem e levar, a longo prazo, ao desenvolvimento de valores de conservação”, afirmam os pesquisadores no artigo sobre a pesquisa publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 32, 2025).

Crocodylus acutus, Quito Zoo. Foto de Diego Tirira. Fonte: Wikimedia
Os autores afirmam que a análise das conversas sugere que o QuitoZoo pode funcionar como um local de aprendizado relevante construção do pensamento e raciocínio científico, com perguntas, hipóteses e uso de evidências. Para eles, a coexistência de emoções positivas e negativas reforça a capacidade dos zoológicos em ampliar a conexão entre humanos e animais, podendo funcionar como fator-chave na aprendizagem e na construção de significado, além de servir para práticas em educação ambiental e de conservação das espécies.
“Nossos resultados evidenciam o impacto da comunicação e divulgação científica em ambientes não formais. Isso pode servir como subsídio para profissionais de zoológicos na criação de estratégias que estimulem a participação e o debate dos visitantes sobre temas científicos”, concluem.
Leia na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos:
Conversas, interações e reações emocionais durante as visitas familiares ao QuitoZoo, Equador, artigo de Jéssica Beck Carneiro, Luisa Massarani, Graziele Scalfi, Martín Bustamante, Gabriela Arevalo e Jorge Heredia (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 32, 2025).
Sobre zoológicos e história dos animais, leia também em HCS-Manguinhos:








