Março/2021
No fim do século XIX, as condições de vida dos trabalhadores das zonas rurais do estado de São Paulo transformaram as fazendas privadas em terreno fértil para a disseminação do tracoma, doença infecciosa oftálmica que pode levar à cegueira. Submetidas a situações insalubres e sem um aparato para prevenção e tratamento, levas de agricultores, boa parte imigrantes italianos, sofreram com a infecção. Para combatê-la apropriadamente, foram essenciais o acesso às propriedades e uma rede sanitária que incluísse as zonas rurais, reduzindo a disparidade do atendimento à saúde.
No artigo A profilaxia e o tratamento das enfermidades do oeste paulista: o Serviço Sanitário e o tracoma no princípio do século XX, publicado na revista HCS-Manguinhos (v. 27, n. 4, out/dez 2020), Soraya Lodola, doutora em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp, e Cristina Campos, professora do curso, contam que, em 1906, Emílio Ribas reorganizou o Serviço Sanitário do estado, centralizando na capital os serviços de saúde pública. Ele implantou uma campanha de combate ao tracoma que, por meio de médicos de comissões, atendeu os enfermos das propriedades rurais privadas, vistas até então como locais proibidos aos agentes governamentais.
As autoras analisaram relatórios governamentais, decretos, periódicos médicos e jornais e concluíram que Ribas, ao criar uma estrutura que unificou os esforços dos distritos sanitários com as equipes de atendimento, buscou formar um aparato complexo para combater enfermidades presentes tanto nas áreas urbanas quanto na zona rural. Em 1911, o Serviço Sanitário ampliou os serviços e passou a atender um número maior de enfermidades e ter mais acesso às fazendas.
Leia em HCS-Manguinhos:
A profilaxia e o tratamento das enfermidades do oeste paulista: o Serviço Sanitário e o tracoma no princípio do século XX, artigo de Soraya Lodola e Cristina Campos (v. 27, n. 4, out/dez 2020)