Abril/2015
Além dos interesses estratégicos políticos e econômicos por trás das iniciativas de cooperação técnica internacional, valores do campo da ética e da solidariedade humana também são determinantes para o êxito dos processos. É o que observaram as pesquisadoras Janete Lima de Castro, Rosana Lucia Alves de Vilar e Raimunda Medeiros Germano em estudo sobre a experiência de cooperação técnica entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e instituições de ensino superior de países andinos participantes do Curso Internacional em Gestão de Políticas de Recursos Humanos em Saúde (Cirhus), mediada pela Organização Pan-americana da Saúde – Representação do Brasil.
Segundo as autoras, o propósito dessa cooperação brasileira de capacitação teve como premissa um dos ensinamentos de Paulo Freire, que diz que ensinar exige respeito à autonomia do ser educando: “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.” Assim, foi ressaltada a necessidade de revisão permanente do curso, de modo a ajustar os seus conteúdos de acordo com os contextos sociais, econômicos, políticos e institucionais de cada país.
No artigo Educação, ética e solidariedade na cooperação internacional, publicado em HCS-Manguinhos (vol.22, n.1, Jan./Mar. 2015), as pesquisadoras ressaltam os aspectos éticos e solidários evidenciados nesta cooperação, que partia de uma experiência educacional testada e aprovada no Brasil, mas previa o respeito às especificidades das realidades locais.
As quatro unidades de aprendizagem do Cirhus – introdução, serviços de saúde e recursos humanos, educação para o trabalho em saúde e gestão de recursos humanos em saúde – foram articuladas em módulos que induzem uma relação permanente entre teoria e prática, ensino e trabalho.
Segundo as pesquisadoras, foi um processo de cooperação horizontal, democrático e participativo cujas relações foram permeadas pela ética da corresponsabilidade e solidariedade.
“A concepção pedagógica utilizada no curso permitia a exposição de experiências reais vivenciadas pelos alunos e exigia do professor posturas de respeito e de constante aprendizado em face das diferentes e várias posições e compreensões. Ademais, os educandos como participantes ativos da prática educativa, sujeitos históricos da procura, da decisão, da ruptura, da opção e transformadores de realidades, necessariamente, também tinham que se assumir como sujeitos éticos”, contam as autoras.
Leia em HCS-Manguinhos:
Educação, ética e solidariedade na cooperação internacional, artigo de Janete Lima de Castro, Rosana Lucia Alves de Vilar e Raimunda Medeiros Germano (vol.22, n.1, Jan./Mar. 2015)
Sumário da edição no Scielo – Dossiês ‘Bioética e diplomacia em saúde’ e ‘Saúde internacional/saúde global’ (vol.22, n.1, Jan./Mar. 2015)
Leia no Blog de HCS-Manguinhos:
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Primeira edição de HCS-Manguinhos de 2015 traz os dossiês ‘Bioética e diplomacia em saúde’ e ‘Saúde internacional/saúde global’
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