5 de junho de 2025
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, convidamos à leitura de três artigos publicados na primeira leva do volume 32, 2025, da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, que, de formas diferentes, abordam a questão do meio ambiente. São eles:

Represa de Ribeirão das Lajes, Piraí, RJ, 1934. Acervo Memória da Eletricidade.
Getúlio Vargas e o Código de Águas na “reconstrução” do Brasil, 1930-1945: para além da energia e aquém da salubridade, artigo de Fábio Alexandre dos Santos, professor associado do Laboratório de Estudos Interdisciplinares e Análises Sociais da Universidade Federal de São Paulo, em Osasco, SP.
O artigo reflete sobre o Código de Águas de 1934 e os serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos no Brasil no primeiro governo de Getúlio Vargas. Tratado pela historiografia majoritariamente como um instrumento para regular o setor de energia hidrelétrica, o código apresenta elementos que o extrapolam: regular o uso da “água” imposto pela conjuntura de acumulação ampliada do capital e sistematizar uma legislação difusa e seus diferentes usos, colocando em evidência questões como salubridade, poluição etc. Tais elementos, por sua vez, correspondem aos planos de Vargas de “reconstruir” a nação. Para tanto, foi realizado um balanço historiográfico sobre os temas e analisada a legislação pertinente.
Leia em https://doi.org/10.1590/S0104-59702025000100001

Historia Naturalis Brasiliae (George Marcgraf & Guilherme Piso, 1648), segunda parte, cap. XIX, p. 187. Fonte: Wikipedia
O teatro e a economia da natureza: religião e a investigação da natureza no Brasil holandês colonial no século XVII, artigo de Christian Fausto Moraes dos Santos e Marlon Marcel Fiori, da Universidade Estadual de Maringá, Paraná.
O artigo amplia a perspectiva de que a natureza no Nordeste do Brasil empreendidas durante o breve domínio neerlandês na região foram orientadas por uma profunda abordagem utilitarista, demonstrando como elementos religiosos estiveram fortemente envolvidos nas investigações de Piso e Marcgraf sobre o mundo natural. Os autores sugerem que, para eles, assim como muitos de seus contemporâneos, o estudo da natureza também era uma maneira de contemplar a sabedoria e onipotência da obra do Criador. “Demonstramos de que modo noções religiosas, como a ideia de economia da natureza, influenciaram a maneira pela qual o mundo natural era compreendido”, explicam os autores o resumo.
Leia em https://doi.org/10.1590/S0104-59702025000100020, disponível na íntegra apenas em inglês.

Imagem de cartaz de 1975 contra as armas nucleares. Fonte: Wikipedia.
Saúde e ecologia na Luta do Larzac, França, 1971-1981: relações entre corpo e território na formação de uma sensibilidade ecológica, artigo de Renata Palandri Sigolo, do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina, e Sylvain Ferez, da Universidade de Montpellier, França.
O artigo analisa as relações entre práticas alternativas de saúde e meio ambiente na França, mais especificamente durante a Luta do Larzac, um movimento social ocorrido entre 1971 e 1981. Visando resistir à expropriação de terras agriculturáveis pelo Exército para a expansão de um campo militar, o movimento criou vários grupos de resistência. Entre eles, a Larzac-Université e o primeiro curso oferecido pelo grupo, objeto da análise: ocorrido em 1976 e denominado “Os produtos químicos, os medicamentos, a energia: uma ameaça à vida cotidiana?”, fornece pistas de compreensão da conexão entre saúde, meio ambiente e movimentos sociais.
Acesse em https://doi.org/10.1590/S0104-59702025000100025