Da Europa ao Rio, ‘esquizofrenia’ substituía ‘demência precoce’ na psiquiatria há cem anos

Março/2025

As influências europeias na psiquiatria brasileira, a evolução dos tratamentos e diagnósticos e o impacto dessas ideias na prática clínica e na formação dos profissionais de saúde da época são discutidos no artigo A circulação de ideias sobre a esquizofrenia no contexto psiquiátrico do Rio de Janeiro, décadas de 1910 e 1920, publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 31, 2024).

Segundo os autores, Ana Teresa A. Venancio, pesquisadora do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, e Renilson Beraldo, doutor pelo mesmo programa, no final da década de 1920, o diagnóstico de esquizofrenia circulou de modo significativo em importantes instituições científicas e assistenciais no Rio de Janeiro, em detrimento do uso de “demência precoce”.

Os pesquisadores observaram a circulação simultânea do diagnóstico nos espaços científicos e assistenciais, em prontuários médicos, discussões clínicas em sociedade científica, apresentações em congressos, artigos e teses. “Tanto o Pavilhão de Observação do Hospício Nacional de Alienados quanto a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal, a partir de suas reuniões, foram coevos no movimento de apropriação da categoria esquizofrenia que então circulava nos espaços institucionais franceses, germânicos e espanhóis”, afirmam. De acordo com eles, assim como ocorreu no contexto europeu, os psiquiatras brasileiros participaram ativamente da circulação transnacional da categoria esquizofrenia por meio de sua apropriação e do uso ampliado do campo semântico “esquizo”, segundo interesses locais.

Leia na revista HCS-Manguinhos:

A circulação de ideias sobre a esquizofrenia no contexto psiquiátrico do Rio de Janeiro, décadas de 1910 e 1920, artigo de Ana Teresa A. Venancio e Renilson Beraldo (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 31, 2024).