Junho/2024
Foram prorrogadas até o próximo sábado, 15 de junho, as inscrições para o Congresso Internacional Mundos Indígenas (Coimi), que será realizado de 20 a 23 de agosto de 2024 na Universidade Federal de Roraima, em Boa Vista, Roraima, no Brasil.
Evento bianual criado em abril de 2015 pelo grupo de pesquisa internacional Seminário Permanente Mundos Indígenas – Abya Yala no Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa, Portugal, em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil, o Congresso Internacional Mundos Indígenas tem como objetivo consolidar a rede colaborativa de abrangência nacional e internacional que debate questões interdisciplinares na Europa e na Abya Yala (América) sobre as agências dos povos indígenas do século XVI aos dias atuais. A ênfase será ampliar os diálogos entre os pesquisadores indígenas e não indígenas, construir outros caminhos epistemológicos, históricos, políticos, decoloniais e interdisciplinares sobre arte, educação, cultura, ancestralidade e perspectivas para o bem-viver.
A pesquisadora Kaori Kodama, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, organizará, com Juciene Apolinário e Carolina Arouca, o Simpósio Temático 34, “Abordagens da história indígena: saúde / bem viver em perspectiva decolonial (séculos XVI-XXI)”. O simpósio reunirá contribuições que possam adensar o debate na área da história das ciências e da tecnologia, refletindo sobre os processos de construção da memória e da história indígena, revisitando práticas e saberes relativos ao bem-viver/saúde, os discursos científicos e as políticas públicas de saúde voltadas para os povos originários nos últimos 500 anos.
Segundo as coordenadoras do simpósio, desde os anos 1990 a história indígena tem ganhado destaque e relevância na historiografia brasileira. Diz o resumo:
“A partir de uma perspectiva crítica e interdisciplinar, o crescimento da produção bibliográfica se estende e se avoluma nos dias de hoje, com a participação de vozes indígenas, transformando o debate historiográfico, a compreensão e organização das fontes, bem como as possibilidades de se narrar as diversas histórias invisibilizadas. É o caso da temática sobre os saberes ancestrais dos povos originários na busca pelo bem viver (saúde do corpo e da alma), desenvolvidos na estreita relação com a natureza, especialmente construindo etnociência a partir do uso das plantas, banhas, defumadores e práticas espirituais nos processos de curas e nas travessias de fronteiras interétnicas em que estabeleceram interlocuções com os não-indígenas e as políticas públicas desde o advento do Estado. Hoje, porém, outros caminhos de diálogos vêm sendo possíveis nos processos de interculturalidades e decolonialidades denominados de intermedicalidade e etnomedicina.”
Leia em HCS-Manguinhos:
A flora da antiga capitania de Porto Seguro na viagem de Wied-Neuwied, 1815-1817: prática científica, inventário naturalista e colaboração indígena, artigo de Francisco Cancela (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 28, n. 3, jul/set 2021)
Ordem Consolata e povos indígenas do território federal do Rio Branco (1948-1952): estratégias de abordagem para inserção de cuidados, artigo de Jacquelaine Alves Machado, Raphael Florindo Amorim e Fernando Porto (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 27, n. 4, out./dez. 2020)
“Where are the Botocudos?” Anthropological displays and the entanglements of staring, 1882-1883, artigo de (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 26 n. 3 jul./set. 2019)
Novas raças, novas doenças: a possibilidade colonizadora por meio da mistura racial em History of Brazil (1810-1819) de Robert Southey, artigo de Flávia Florentino Varella (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 23, supl.1, Dez/2016)
A abordagem historiográfica dos séculos XIX e XX sobre a atuação de médicos e boticários jesuítas na América platina no século XVIII – artigo de Eliane Cristina Deckmann Fleck (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 21 n.2 abr./jun. 2014)
“O Sesp nunca trabalhou com índios”: a (in)visibilidade dos indígenas na atuação da Fundação Serviços de Saúde Pública no estado do Amazonas, artigo de Amandia Braga Lima Sousa e Júlio César Schweickardt (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.20, no.4, dez 2013)
A emergência da medicina tradicional indígena no campo das políticas públicas, artigo de Luciane Ouriques Ferreira (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.20, no.1, jan./mar. 2013)
Evidências de medicina mestiça em obra escrita por irmão jesuíta na América meridional do século XVIII – Artigo de Eliane Cristina Deckmann Fleck e Roberto Poletto (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 19, n.4, dez 2012)
O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio, artigo de Fernando de Tacca (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 18, n.1, mar. 2011)
Aspectos socioculturais de vacinação em área indígena, artigo de Luiza Garnelo (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 18, n. 1, mar. 2011)
Comunidade sateré-mawé Y’Apyrehyt: ritual e saúde na periferia urbana de Manaus, artigo de João Bosco Botelho e Valéria Augusta C.M. Weigel (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.18, n.3, set 2011)
‘Formidável contágio’: epidemias, trabalho e recrutamento na Amazônia colonial (1660-1750), artigo de Rafael Chambouleyron, Benedito Costa Barbosa, Fernanda Aires Bombardi e Claudia Rocha de Sousa (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.18, no.4, dez 2011)
Ñande Ru Marangatu: a judicialização da luta pela terra indígena e o papel do cientista, artigo de Thiago Leandro Vieira Cavalcante (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 17, n. 2, jun 2010)
Do suplemento Amazônia (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v.14, supl.0, dez. 2007):
- O povo das águas pretas: o caboclo amazônico do rio Negro, artigo de Fernando Sergio Dumas dos Santos
- Cosmologia, ambiente e saúde: mitos e ritos alimentares Baniwa, artigo de Luiza Garnelo (versão também em inglês)
- Bahsariwii: a Casa de Danças, artigo de Gabriel Gentil
- Marcus Barros fala sobre meio ambiente e doenças tropicais na Amazônia, artigo de Stella Oswaldo Cruz Penido
- Koame wemakaa pandza kome watapetaaka kaawa (Baniwa, uma história de plantas e curas): caminhos para um roteiro, artigo de Stella Oswaldo Cruz Penido
- As plantas que curam e as ‘qualidades do ser’: sobre ontologia e alteridade ameríndia, artigo de Marco Antonio Gonçalves
- O mundo e o conhecimento sustentável indígena, artigo de André Fernando
Globalização e ambientalismo: etnicidades polifônicas na Amazônia, artigo de Luiza Garnelo e Sully Sampaio (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 12, n. 3, 2005)
Caminhos percorridos pelo dr. Jorge Clarke Bleyer nos campos da medicina tropical e da pré-história brasileira, artigo de Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol.10, n.1, abr 2003)
Cinco imagens e múltiplos olhares: as ‘descobertas’ sobre os índios do Brasil e a fotografia do século XIX, artigo de Marcos Morel (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, vol. 8, supl.0, 2001)
Leia no blog de HCS-Manguinhos:
Antropóloga defende diálogo para articular medicinas indígenas e sistema de saúde – Entrevista com a antropóloga Luciane Ouriques Ferreira
Publicações de HCS-Manguinhos para marcar o Dia Internacional dos Povos Indígenas
Acesse artigos na revista e entrevistas e reportagens no Blog
Botocudos foram expostos no Rio e na Europa em 1882 e 1883
Georg Fischer, da Universidade de Aarhus, Dinamarca, discute as exposições antropológicas do século XIX em artigo em HCS-Manguinhos
As ciências e os saberes indígenas na Companhia de Jesus – Eliane Cristina Deckmann Fleck discute a contribuição dos jesuítas ao desenvolvimento científico da América Platina.
E ainda…
Artigos de Kaori Kodama:
Kodama, Kaori et al. Mortalidade escrava durante a epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-1856): uma análise preliminar. Dez 2012, vol.19, supl.1
Kodama, Kaori, Primeira epidemia de cólera no Rio de Janeiro matou mais os africanos (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Dez 2012, Volume 19 Supl. 1)
Kodama, Kaori, A indeterminada questão da raça (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Dez 2012, Volume 19 Supl. 1)
Kodama, Kaori. Antiescravismo e epidemia: “O tráfico dos negros considerado como a causa da febre amarela”, de Mathieu François Maxime Audouard, e o Rio de Janeiro em 1850. Jun 2009, vol.16, no.2