Complexo de Acervos da Fiocruz terá recursos de R$ 5 milhões do BNDES

Dezembro/2014

Restauração das torres do Castelo da Fiocruz

Em seus 114 anos, a Fiocruz tornou-se a herdeira de tradições científicas, de práticas sanitárias e de ensino. Nesse período, constituiu e preserva edificações, arquivos, bibliotecas, coleções biológicas, coleções iconográficas, instrumentos e equipamentos, que se configuram em expressivos acervos culturais e científicos das ciências da saúde. Em seus campi, guarda significativos patrimônios arqueológicos e naturais. Bens culturais, reconhecidos por agências públicas e pela sociedade, os acervos entram em nova fase – com marca na integração – assegurando o legado de Oswaldo Cruz às futuras gerações. O projeto Preservo: Complexo de Acervos da Fiocruz, permitirá construir infraestrutura moderna e tecnologias mais avançadas para a guarda e o acesso público ao extenso patrimônio da instituição. O lançamento, em 16 de dezembro, marcará a liberação de R$ 2,7 milhões (54% do total), recursos aprovados pelo BNDES em 2011 (Programa de Preservação de Acervos). Outros 46% serão divididos em duas parcelas, liberadas durante a execução do projeto, cujo prazo estimado é de até 40 meses para sua conclusão. O Preservo também representa o pioneirismo da Fiocruz: as imagens geradas – a partir da microscopia virtual – da Coleção de Febre Amarela (Instituto Oswaldo Cruz) e de 8 das 12 coleções zoológicas existentes farão parte de banco de dados com as informações de cada caso suspeito da doença que integra este conjunto. Integrado aos demais dados de cada espécime, o acesso ao material em alta resolução poderá ser feito pela internet, interoperados com outros sistemas de informação com os representantes digitais dos acervos bibliográficos da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Ciências Biomédicas e da biblioteca de História das Ciências e da Saúde, além dos acervos do Arquivo Permanente da Fiocruz. Existem iniciativas semelhantes em outros países, onde as informações são acessadas por profissionais, estudantes e outros interessados. Porém, não é possível comparar ao tamanho do que é previsto com a implantação do projeto da Fiocruz. Com a iniciativa, a Fundação amplia seu poder de organizar estruturas e processos que viabilizem a utilização dos diferentes acervos, garantindo sua relação de troca com outros sistemas possibilitando ampliar seu uso social. A coordenação-geral do Preservo é da Casa de Oswaldo Cruz (COC), que conta com as parcerias do IOC e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict), unidades técnico-científicas da Fundação. Parte do conjunto beneficiado está no Castelo da Fiocruz (Pavilhão Mourisco), prédio em estilo neomourisco projetado pelo arquiteto português Luiz de Moraes Júnior construído entre 1905 e 1918, em Manguinhos. O edifício é tombado desde 1980 pelo Iphan e abriga os acervos bibliográfico (obras raras) e   biológico (coleções entomológicas). O objetivo é estabelecer políticas e infraestrutura para ampliação ao acesso e para a preservação e gestão do patrimônio científico e cultural na Fiocruz, com base na conservação preventiva, na conservação integrada, na gestão de riscos, na educação patrimonial, na pesquisa, no desenvolvimento tecnológico. Descrição dos acervos Arquitetônico, Urbanístico e Arqueológico: Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, tombado pelo Iphan; Prédios modernistas tombados pelo Inepac; Palácio Itaboraí, tombado pelo Iphan; sítio arqueológico de Manguinhos, inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Históricos; Canaletas do Aqueduto da Núcleo Arquitetônico Rodrigues Caldas (Fiocruz Mata Atlântica/Colônia Juliano Moreira), tombado pelo Iphan. Bibliográfico: seção de Obras Raras da Biblioteca de Ciências Biomédicas (do século 17 ao 19); biblioteca de História das Ciências e da Saúde, especializada em história da medicina, história da saúde pública, história, sociologia e filosofia da ciência (do século 17 aos dias atuais); rede composta por 14 bibliotecas especializadas. Biológico: são 30 Coleções Biológicas reconhecidas pela Câmara Técnica de Coleções Biológicas da Fiocruz, constituídas desde 1901, com milhões de amostras microbiológicas, zoológicas e histopatológicas, de grande valor para a biodiversidade nacional. Destas, 18 coleções são credenciadas como Fiel Depositária (Fiocruz). Há também a Coleção de Paleoparasitologia. Museológico: constituído por equipamentos e instrumentos de laboratório, materiais e maquinário utilizados na produção de medicamentos e vacinas, instrumentos médicos, mobiliário, indumentárias e objetos pessoais de cientistas da instituição e uma pinacoteca. Composto por mais de duas mil peças, está localizado na Reserva Técnica Museológica do Museu da Vida. Acervo Arquivístico: arquivo Permanente da Fiocruz e arquivos pessoais de cientistas e sanitaristas composto por documentos textuais, iconográficos, cartográficos, micrográficos, sonoros, filmográficos e tridimensionais abrangendo o período de 1803 aos dias atuais. Destaque para os arquivos dos cientistas Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, e os negativos de vidro do Fundo IOC reconhecidos como patrimônio documental da humanidade pelo Programa Memória do Mundo da Unesco. Acervos Contemplados pelo edital do BNDES Arquivístico – recuperar, organizar, modernizar, preservar as coleções biológicas do IOC de natureza zoológica e histopatológica ampliando o acesso a essas coleções e parte do arquivo permanente da Fiocruz. Atualmente, há três categorias: coleções microbiológicas, coleções zoológicas e a coleção histopatológica. Os exemplares representam a biodiversidade genética de bactérias, protozoários, fungos e animais de importância médica e ambiental; a memória epidemiológica e o registro de variações ocorridas em agentes etiológicos ao longo do tempo; e as populações genéticas de organismos relacionados a pesquisas em saúde pública, além de acervos microbiológicos com potencialidade na produção de novos insumos de interesse biotecnológico. O Preservo garante tratamento especializado; adequação do espaço com aquisição de mobiliário e equipamentos; organização das coleções; implantação de programa de gerenciamento do acervo e disponibilização das informações das coleções; visitações de estudantes e especialistas. A digitalização de componentes biológicos e a bibliografia associada estão contempladas. Isso permite a criação de catálogos virtuais que serão disponibilizados para a comunidade científica e a sociedade. Bibliográfico – contempla a restauração, a digitalização e a disseminação do patrimônio histórico bibliográfico das ciências e da saúde, produzido por pesquisadores de grande destaque para a ciência e a Fiocruz. Inclui a preservação do acervo de obras raras por meio da criação de um Repositório Digital de Obras Raras da Fiocruz ou de um sistema integrado de bases de acervos, com vistas à socialização do acesso igualitário aos documentos. O projeto visa ao compartilhamento do conhecimento científico a partir do contexto histórico da instituição; disponibilização das informações científicas sob a guarda da Fundação aos usuários 24h, com acessibilidade permanente. Museológico – Serão feitas intervenções para garantir o armazenamento correto, a segurança contra incêndio, intempéries e vandalismo, condições climáticas adequadas e fluxo seguro e adequado de peças e pessoas. A ampliação da capacidade de guarda de peças tridimensionais e o abrigo das exposições itinerantes do Museu da Vida. As intervenções seguem orientação de documentos do Getty Institute (EUA) sobre a conservação preventiva de acervos e do gerenciamento ambiental. Acervos do Preservo em múmeros Bibliográfico – a Seção de Obras Raras A. Overmeer, da Biblioteca de Ciências Biomédicas, do Icict, abriga conjunto que vai do século 17 ao 20. Este acervo possui cerca de 40 mil itens, entre livros, periódicos científicos, folhetos, dissertações e teses, bem como obras únicas da produção intelectual de pesquisadores renomados da história institucional. Os trabalhos são em diversas áreas do conhecimento científico cujos destaques são os realizados nas Ciências Biológicas, na Medicina e na História Natural, levando-se em consideração seu valor de memória que aponta as características de sua composição – tipo de publicação e sua proveniência – como o autor da obra e lugar de publicação, a instituição a que pertence e a comunidade a que serve. O acervo bibliográfico inclui o da Biblioteca de História das Ciências e da Saúde da COC. Reúne cerca de 34 mil itens, com obras clássicas nos campos das ciências biomédicas e da saúde pública. Integram também o acervo materiais que refletem a produção recente dos campos de atuação da unidade e que contemplem os seguintes assuntos: História da Medicina, História da Saúde Pública, Filosofia, História e Sociologia da Ciência e História das Doenças). Arquivístico – compõe o Arquivo Permanente da Fiocruz, incluindo documentos textuais, iconográficos, cartográficos, micrográficos, sonoros, filmográficos e tridimensionais abrangendo o período de 1803 aos dias atuais custodiados em caráter definitivo em função do seu valor histórico. Abrange as coleções biológicas iniciadas a partir de 1901. Os acervos biológicos são fundamentais para a geração de conhecimento científico na Fiocruz, desempenhando papel estratégico na pesquisa básica, experimentação biológica, prospecção biotecnológica, produção de insumos e bioprodutos em saúde. São componentes dos acervos biológicos da Fiocruz: biotérios, biotecas, centros de experimentação animal e as coleções biológicas. Atualmente, das trinta coleções biológicas reconhecidas como institucionais pela Fiocruz, dezenove são do IOC o que corresponde a 63,3% do segmento na instituição. Neste projeto serão contempladas parte do acervo constituinte do Arquivo Permanente da Fiocruz; a única coleção histopatológica e oito coleções zoológicas do IOC: Coleção Helmintológica; Coleção de Moluscos; Coleção Entomológica; Coleção de Artrópodes Vetores Ápteros de Interesse na Saúde das Comunidades; Coleção de Simulídeos; Coleção de Culicídeos; Coleção de Ceratopogonídeos; Coleção de Triatomíneos e a Coleção da Febre Amarela. Neste conjunto há também o patrimônio documental dos institutos que constituíram a Fundação em 1970, os quais já possuíam trajetórias expressivas, caso do IOC, com arquivos de cientistas, médicos e outros profissionais que se destacaram em suas áreas de atuação e parcelas de arquivos de instituições com atividades nas áreas da saúde e das ciências biomédicas que foram doadas à Fiocruz, com destaque para os fundos com os arquivos dos cientistas Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, e os negativos de vidro do Fundo IOC, todos reconhecidos como patrimônio documental da humanidade pelo Programa Memória do Mundo da Unesco. Sob a guarda da Reserva Técnica do Museu da Vida, é composto por 2.100 peças catalogadas entre objetos pessoais de pesquisadores do antigo IOC e da atual Fiocruz e equipamentos de laboratório, materiais utilizados na produção de medicamentos e vacinas, instrumentos médicos, mobiliário, indumentária e uma pinacoteca. O acervo museológico é específico de uma instituição da área biomédica, ligada as ciências da vida e as peças guardam em si e em suas inter-relações com outras coleções institucionais, questões importantes que podem se decodificadas pela leitura epistemológica. Os acervos históricos institucionais se relacionam de maneira efetiva a partir do momento em que um tem participação ativa no significado histórico-científico do outro: peças pertencentes ao acervo biológico foram coletadas, classificadas por objetos que hoje constituem o acervo tridimensional histórico da Fiocruz. Fonte: Agência Fiocruz de Notícias