Dezembro/2023
Quatro episódios da série de documentários Ciências, saúde e ambiente: independências do Brasil? serão lançados conjuntamente pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) nesta sexta-feira, 15 de dezembro de 2023, às 14h, no Auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz em Manguinhos, Rio de Janeiro.
Com coordenação geral das professoras e pesquisadoras da COC Lorelai Kury e Maria Rachel Fróes da Fonseca, os vídeos são uma realização do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS) e do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde (Depes), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Episódios, sinopses e sugestões de leitura na HCS-Manguinhos:
Episódio 1: Diversidade e hierarquias: a saúde no Rio de Janeiro na época da Independência
Organização: Lorelai B. Kury, Tânia Salgado Pimenta, Ricardo Cabral de Freitas e Carolina Arouca Gomes de Brito
O vídeo traça um panorama geral de como eram as práticas de cura na cidade do Rio de Janeiro em torno de 1822. Por um lado, havia a medicina institucionalizada, com médicos diplomados que atendiam privadamente a elite ou trabalhavam em algum dos hospitais da cidade, como a Santa Casa da Misericórdia. Por outro lado, a maioria da população se tratava com os inúmeros curadores populares que atendiam muitas vezes nas próprias ruas da cidade. O Rio de Janeiro apresentava grande diversidade cultural, mas a sociedade era extremamente hierarquizada e desigual, baseada na exploração de trabalho escravo.
Leia na revista HCS-Manguinhos:
- Transformações no exercício das artes de curar no Rio de Janeiro durante a primeira metade do Oitocentos. Tânia Salgado Pimenta. (HCS-Manguinhos, vol.11, supl.1, 2004)
- Um guia da vida dos escravos no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Tânia Salgado Pimenta. (HCS-Manguinhos, vol.8, no.2, ago 2001)
- Barbeiros- sangradores e curandeiros no Brasil (1808-28). Tânia Salgado Pimenta. (HCS-Manguinhos, vol.5, no.2, out 1998)
Episódio 2: Exposição Internacional de 1922: saúde e independência?
Organização: Mª Rachel Fróes da Fonseca, Ana Luce Girão Soares Lima, Ana Teresa Venancio, André Felipe Candido da Silva e Ede Conceição Bispo Cerqueira
O Centenário da Independência foi comemorado de forma grandiosa em 1922 com a Exposição Internacional que ocupou parte expressiva do centro da cidade do Rio de Janeiro, desde a região do Palacio Monroe (Cinelândia) até a Praça XV e Praça Mauá. Este espaço comemorativo foi o palco de reflexões e balanços sobre os cem anos do Brasil independente, e sobre a construção de um país moderno. Um dos temas centrais apresentados em seus pavilhões foi o da saúde, em função da importância dos temas da higiene e da salubridade para a configuração da cidade do Rio de Janeiro como um lugar civilizado e moderno. Desse modo, refletir sobre o papel da saúde na Exposição pressupõe a análise do projeto hegemônico, excludente e eurocêntrico, de modernização e de civilização. Trata-se da busca de uma problematização da relação da sociedade brasileira com seu passado, a partir da saúde pública e da ciência.
Leia no Blog e na revista HCS-Manguinhos:
- A diplomacia cultural alemã e o centenário da Independência do Brasil em 1922
Disponível em versão e-book gratuita, livro do historiador André Felipe Cândido da Silva revela os esforços da Alemanha para se fazer presente na Exposição Internacional comemorativa no Rio de Janeiro - Brasil, 1922: independente, civilizado e branco?
Exposição do Centenário da Independência vendia imagem elitista do país, revela Sven Schuster, autor de artigo publicado na revista HCS-Manguinhos. Leia a entrevista e siga para o artigo História, nação e raça no contexto da Exposição do Centenário em 1922 (vol. 21, n. 1, jan./mar. 2014).
Episódio 3: O Modernismo e a população brasileira: racismo, medicina e cultura
Organização: Robert Wegner, Tamara Rangel Vieira, Mariana Tavares, Daiane Silveira Rossi, Thiago da Costa Lopes e Eliza Teixeira Toledo
A Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo em fevereiro de 1922, tornou-se um evento emblemático do movimento modernista no Brasil, que renovou as artes nacionais e o projeto cultural de construção da nacionalidade. Esse projeto cultural teve diversas vertentes, como a do verde-amarelismo, que acabou por enfatizar o papel do Estado na afirmação de uma identidade nacional homogênea; a vertente regionalista, que se constituiu em torno de Gilberto Freyre e valorizou as diferenças regionais; e a ligada aos nomes de Oswald de Andrade e, especialmente, Mario de Andrade, que foi quem empreendeu viagens de pesquisas etnográficas em diversas localidades do país para investigar e registrar manifestações da cultura popular. No centenário da Semana de 22, o vídeo pretende enfatizar as conexões do modernismo com o movimento sanitarista da década de 1910, que também envolveu viagens de reconhecimento das realidades de locais diversos do país, e reconfigurou a discussão sobre a população brasileira, deslocando-a do tema da raça para o da saúde. Essa reconfiguração abriu caminho para que os modernistas, na década seguinte, desenvolvessem uma reflexão sobre a população brasileira a partir de sua diversidade cultural. A partir desse olhar, pretendemos valorizar o movimento modernista e, ao mesmo tempo, enfatizar que ele se constitui como um projeto inconcluso. Tudo isso faz com que nos percebamos como parte da aventura modernista e nos leva a indagar sobre os sentidos de se pensar e se afirmar a identidade nacional hoje, que tanto pode levar a um projeto político nacionalista retrógrado, excludente e xenofóbico, quanto significar uma valorização da diversidade e a afirmação de um projeto nacional inclusivo.
Leia em HCS-Manguinhos:
- Estatísticas sanitárias e interdependência social na Primeira República, artigo de Alexandre de Paiva Rio Camargo (HCS-Manguinhos v. 28, n. 4, out/dez 2021)
- Biotipologia, regionalismo e a construção de uma identidade corporal brasileira no plural, década de 1930, artigo de Ana Carolina Vimieiro-Gomes (vol.23, supl.1, dez. 2016)
- O discurso do excesso sexual como marca da brasilidade: revisitando o pensamento social brasileiro das décadas de 1920 e 1930, Cristiane Oliveira, História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol. 21, n. 4, out/dez 2014)
- Malária como doença e perspectiva cultural nas viagens de Carlos Chagas e Mário de Andrade à Amazônia, artigo de Nísia Trindade Lima e André Botelho (vol.20, n.3, jul./set. 2013)
- Tradição, memória e arquivo da brasilidade: sobre o inconsciente em Mário de Andrade, artigo de Joel Birman (vol.16 n.1 jan./mar. 2009)
Episódio 4: Comunidades de Manguinhos e da Maré: territórios, saberes locais, e Independências
Organização: Kaori Kodama, Anna Beatriz de Sá Almeida, Mª Paula Bonatto, Rachel de Almeida Viana e Luiz Alves Araújo Neto
O vídeo pretende compor, por meio das falas, expressões artísticas e culturais das populações do território de Manguinhos e da Maré, um quadro de suas concepções de independência e autonomia, a partir das experiências e vivências locais quanto à educação, saúde e ao ambiente. Essas comunidades estão próximas ao principal campus da Fiocruz, localizado em Manguinhos, no Rio de Janeiro, e com as quais a instituição trabalha historicamente em ações de educação, divulgação científica, assistência e promoção à saúde.
Lançamento da série de documentários Ciências, saúde e ambiente: independências do Brasil?, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz
Data: 15 de dezembro, às 14h
Local: Auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz em Manguinhos
Os vídeos estarão disponíveis, em breve, no canal da COC no Youtube
Com informações da COC/Fiocruz e do Blog de HCS-Manguinhos