Carlos Chagas na ‘guerra dos rios’

Abril/2018

Membros da expedição em Sena Madureira, no Acre, em janeiro de 1913. Fonte: Departamento de Arquivo e Documentação/IOC/Fiocruz

Entre outubro de 1912 e abril de 1913, os médicos Carlos Chagas, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, João Pedroso, secretário-geral de Saúde Pública do Rio de Janeiro, e Pacheco Leão, professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, percorreram os rios Solimões, Tarauacá, Purus, Iaco, Negro e Branco para estudar as condições de saúde das populações locais e propor medidas para o saneamento da região.

Esta comissão sanitária coordenada pelo Instituto Oswaldo Cruz era resultado da criação, em 5 de janeiro de 1912, da Superintendência de Defesa da Borracha e o Plano de Defesa da Borracha, que previa incentivos econômicos para a plantação da Hevea brasiliensis, serviços de assistência médica aos migrantes que se dirigiam ao trabalho nos seringais e a criação de uma estrada de ferro no Acre. Para o governo federal, as endemias que assolavam as populações na Amazônia, em especial a malária, eram o principal obstáculo para um desenvolvimento da economia da borracha capaz de fazer frente à concorrência asiática. Oswaldo Cruz recebia e organizava os dados coletados pela comissão, corrigia, reescrevia e foi quem assinou a versão final do Relatório sobre as condições médico-sanitárias do vale do Amazonas, entregue por Chagas em 1913.

No artigo Carlos Chagas na “guerra dos rios”: a passagem da comissão do Instituto Oswaldo Cruz pelo rio Iaco (Alto Purus, território federal do Acre, 1913), publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (vol.25, no.1, jan./mar. 2018), André Vasques Vital, pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente do Centro Universitário de Anápolis, Goiás, analisa a construção do relatório, a partir das implicações macro e micropolíticas da passagem da expedição do Instituto Oswaldo Cruz pelos departamentos do território federal do Acre. O artigo discute as relações de Carlos Chagas, Pacheco Leão e João Pedroso com juízes, médicos e seringalistas dos rios Iaco e Caeté na cidade de Sena Madureira, capital do Alto Purus, em janeiro de 1913, e aponta que o relatório científico foi também produto do encontro dos cientistas-médicos com as elites seringalistas e da consequente imersão deles nos conflitos da política local e regional.

Leia em HCS-Manguinhos:
Carlos Chagas na “guerra dos rios”: a passagem da comissão do Instituto Oswaldo Cruz pelo rio Iaco (Alto Purus, território federal do Acre, 1913), artigo de André Vasques Vital (v. 25, n. 1, jan/mar 2018)

Como citar este post:
Carlos Chagas na “guerra dos rios”. Blog da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 2018. Publicado em 30 de abril de 2018. Acesso em 3o de abril de 2018. Disponível em http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/carlos-chagas-na-guerra-dos-rios/