Agosto/2023
Com o objetivo de retomar as altas coberturas vacinais no país, atualizando o calendário de vacinas de crianças e adolescentes até os 15 anos de idade, o Ministério da Saúde (MS) brasileiro lançou, em 10/8, no Pará, uma Campanha de Multivacinação, numa nova etapa do Movimento Nacional pela Vacinação. O governo anterior negligenciou as políticas de vacinação, e o negacionismo e a desinformação afetaram a confiança de muitos brasileiros nas vacinas. Apesar de o Brasil ser considerado uma referência internacional no assunto, o país passou por retrocessos nesse campo nos últimos anos.
O Movimento Nacional pela Vacinação tem o objetivo de retomar a confiança da população brasileira nas vacinas e da cultura de vacinação do país. A iniciativa é considerada um grande movimento, com diversos atores da sociedade, como a apresentadora Xuxa. A ação inclui vacinação contra a Covid-19 e outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação em várias etapas ao longo de 2023.
Dia D da Multivacinação será em 19/8
As equipes do Ministério da Saúde irão percorrer todo o Brasil em oficinas com gestores e lideranças locais, para ajustar a estratégia de vacinação de acordo com as realidades locais. Segundo MS, mais de R$ 150 milhões serão investidos para essas ações. O Dia D da Multivacinação será em 19 de agosto de 2023.
“O nosso país era o mais respeitado do mundo quando se falava em vacinação, mas com a queda das coberturas vacinais nos últimos anos, nós temos, infelizmente, o risco de reintrodução de doenças que estavam eliminadas no Brasil. Por isso, precisamos proteger as nossas crianças e os nossos adolescentes. Temos uma responsabilidade fundamental, algo definido no estatuto da criança e do adolescente como um direito. O direito à vacina é o direito à proteção, é o direito à vida que não pode ser negado”, destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
No primeiro semestre de 2023, a multivacinação foi antecipada no Amazonas, no Acre e no Amapá. A escolha dos estados buscou conter doenças já eliminadas no Brasil, diante da queda das coberturas vacinais registrada nos últimos anos. O alerta se deu, ainda, pelo risco de reintrodução da poliomielite, doença que foi notificada em março deste ano no Peru, em região de fronteira. Desde 2016, o Brasil consta na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de risco muito alto para a reintrodução da doença.
Com a abertura da etapa nacional, todos os imunizantes previstos no calendário para esta faixa etária estarão disponíveis ao público nos locais e horários informados por cada município.
Microplanejamento
As ações de microplanejamento também tiveram início no Amazonas, Acre e Amapá para a realização da multivacinação nos municípios, considerando a sazonalidade e servindo como piloto para a iniciativa. Todos os estados do Brasil terão um período dedicado à implementação do microplanejamento com as equipes do Ministério da Saúde.
Em julho, a pasta esteve em Belém para desenvolver uma série de qualificações, com o objetivo de promover a formação de profissionais para a implantação das Atividades de Vacinação de Alta Qualidade e Microplanejamento do programa de rotina e intensificação de campanhas voltadas para os municípios do Pará.
As ações de microplanejamento, método recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), consistem em diversas atividades com foco na realidade local, desde a definição da população alvo, escolha das vacinas, definição de datas e locais de vacinação, até a logística. A proposta é alinhar essas estratégias com gestores e lideranças locais para alcançar melhores resultados e melhorar as coberturas vacinais.
Essas iniciativas contribuem para que as metas de vacinação sejam atingidas. Entre as estratégias que podem ser adotadas com a estratégia de microplanejamento pelos municípios estão a realização do “Dia D” de vacinação, busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação nas escolas, vacinação para além das unidades de saúde, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.
Investimento para estados e municípios
Para incentivar e apoiar as ações de multivacinação, o Ministério da Saúde destinou mais de R$ 151 milhões a estados e municípios. Esse recurso também faz parte das ações de microplanejamento. A iniciativa é inédita e considerada um diferencial para a retomada das altas coberturas vacinais, assim como o planejamento na ponta e a concentração de esforços nos locais onde as taxas de imunização estão mais baixas.
Entre as vacinas que estarão disponíveis nos postos de vacinação durante a campanha estão: BCG, Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VIP (Vacina Inativada contra Poliomielite), VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), VOP (Vacina Oral contra Poliomielite), febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba), tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba, varicela), DTP (tríplice bacteriana), varicela e quadrivalente HPV (papilomavírus humano).
(Com informações do Ministério da Saúde)
Imunização nas páginas da revista HCS-Manguinhos
O blog e a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos já publicaram vários artigos sobre vacinas, campanhas de vacinação e erradicação de doenças na América Latina.
Há 20 anos, em 2003, a ministra Nísia, socióloga e pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, editou, junto com Nara Azevedo, Carlos Fidelis Ponte e Akira Homma, o suplemento temático “Imunização no Brasil – história e perspectivas” da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (vol. 10, n. 2, 2003).
Leia mais:
Acesse o conteúdo integral do suplemento temático “Imunização no Brasil – história e perspectivas” (História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 10, n. 2, 2003)
A volta do Brasil da vacinação
O Brasil tem tradição em vacinação infantil, o que tornou possível a erradicação da varíola e da poliomielite no país. E temos um personagem-símbolo, amado pelas crianças, o Zé Gotinha, criado em 1986 pelo artista plástico mineiro Darlan Rosa.