Julho/2015
Desde as primeiras imagens do espaço da fumaça de desmates gigantescos na Amazônia até a produção em massa de imagens de satélite que visualizam diversos aspectos da situação, o sensoriamento remoto vem ganhando protagonismo na percepção da escala do desmate, seu significado para dinâmicas globais climáticas e ambientais e nas projeções do futuro desses processos, por meio de modelos que tentam prever tendências.
Imagens e dados ajudam a configurar formas de manejo e controle de territórios como o amazônico, com relações complexas envolvendo agentes centrais da economia brasileira, como agricultores e pecuaristas. O artigo Construindo imagens e territórios: pensando a visualidade e a materialidade do sensoriamento remoto, publicado em HCS-Manguinhos pelo professor Marko Monteiro, do Instituto de Geociências da Unicamp, reflete sobre a questão da imagem na ciência, pensando em como práticas visuais participam da construção de saberes e territórios.
Para o autor, diante da tendência de aumento de importância da produção, processamento e interpretação das imagens, cabe aos pesquisadores o desafio de produzir reflexões mais sofisticadas sobre processos que fazem parte de dinâmicas centrais na sociedade contemporânea. De acordo com Monteiro, redes de interações se formam desde a forma como são produzidas as visualizações até a maneira como são divulgadas por canais científicos e não científicos. Segundo ele, tais imagens-relações ajudam a constituir o território de formas específicas, e explorar esse processo possibilita uma compreensão mais complexa das formas pelas quais a ciência e a tecnologia ajudam a construir realidades.
“A crescente centralidade do visual em práticas científicas contemporâneas evidencia a necessidade de reflexão para além da imagem. O artigo trata das relações entre a visualidade e os pesquisadores que a constroem, as infraestruturas dessa construção e as instituições e políticas de monitoramento do território”, revela Monteiro.
Leia em HCS-Manguinhos
Construindo imagens e territórios: pensando a visualidade e a materialidade do sensoriamento remoto, artigo de Marko Monteiro (vol.22, no.2, abr./jun. 2015)
A arte de conjugar tempo e espaço: Fernand Braudel, a geo-história e a longa duração, artigo de Guilherme Ribeiro (vol.22 no.2, jan./abr. 2015)
Sumário da edição de HCS-Manguinhos (vol.22, no.2, abr./jun. 2015)
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Artigo discute sensoriamento remoto, saberes e controle de territórios. Blog de HCS-Manguinhos. [viewed 23 July 2015]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/artigo-discute-sensoriamento-remoto-saberes-e-controle-de-territorios/