Agosto/2020
Considerado o pai da pediatria no Brasil, Carlos Artur Moncorvo de Figueiredo (1846-1901) foi o responsável pela criação do primeiro curso de ensino de medicina infantil em 1882, na Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Além promover um espaço técnico de cura especializado, possibilitando que estudos pertinentes às doenças infantis fossem desenvolvidos, essa ação serviu de base para que o pediatra conseguisse a aprovação, pelo governo imperial, de uma cátedra de clínica infantil nas faculdades de medicina do Império.
Em artigo publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (v. 27, n. 2, abr./jun. 2020), Virlene Cardoso Moreira estudou as publicações científicas de Moncorvo de Figueiredo entre os anos de 1874 e 1901 veiculados em periódicos nacionais e internacionais, assim como documentos sobre o curso de medicina infantil na Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
Segundo a autora, a trajetória do pediatra carioca e o consequente desdobramento da especialização da medicina infantil estava conectada ao contexto em que a ciência se estabelecia no Brasil enquanto conhecimento, processo marcado por demarcações internas de áreas temáticas de investigação. Era o momento de expansão da medicina experimental, que propunha que as doenças fossem estudadas não somente a partir da observação do doente, mas à luz da fisiologia, destacando-se a forma e funções dos processos orgânicos.
“É nesse momento também que uma importante reforma do ensino médico se estabeleceu, cujo resultado foi uma formação pautada no ensino prático e nas clínicas especiais, entre as quais a pediatria, fruto da articulação de Artur Moncorvo de Figueiredo. A pediatria surgiu como desdobramento de um movimento pela implementação da medicina experimental, e não como uma questão social em torno do combate à mortalidade infantil, como comumente encontra-se implícito na historiografia”, esclarece a historiadora.
Leia em HCS-Manguinhos:
Ações pioneiras do ensino de pediatria no Brasil: Carlos Artur Moncorvo de Figueiredo (Moncorvo pai) e a Policlínica Geral do Rio de Janeiro, 1882-1901, artigo de Virlene Cardoso Moreira (v. 27, n. 2, abr./jun. 2020)