Setembro/2022
Já está nas prateleiras de livrarias físicas e virtuais o aguardado livro Artes de curar e práticas de saúde: circularidades, institucionalidades e repressão, organizado pelos pesquisadores Tânia Salgado Pimenta, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, e André Mota, do Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A obra, lançada pela Hucitec Editora, é uma coletânea de textos sobre a medicina popular e as artes de curar em diversas regiões do Brasil e também na Península Ibérica e na Argentina, entre os séculos XVIII e XX, e suas relações e embates com a medicina oficial.
No prefácio, Gabriela dos Reis Sampaio, professora do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia, afirma que o livro se destaca pela riqueza de casos e de interpretações dos significados das chamadas práticas de cura não oficiais, alternativas à medicina oficial, duramente combatidas por autoridade de diferentes governos e países.
“O volume é de uma riqueza impressionante, composto por capítulos bem estruturados, de narrativa fluente, escritos por especialistas na temática das doenças, curas, religiosidades e as respectivas medidas legais — na maior parte das vezes, repressivas — que as acompanham ao longo do tempo. Impressiona também pela qualidade das pesquisas apresentadas e pela pertinência das questões levantadas, o que torna a leitura agradável sem deixar de lado a seriedade da análise”, elogia Gabriela Sampaio.
Segundo André Mota, a coletânea é uma contribuição inestimável à reflexão histórica em torno das formas de curar que compõem o universo social. “Como os leitores poderão acompanhar pelos estudos apresentados, há uma circularidade de saberes e práticas populares e eruditos, que buscam dirimir o sofrimento do corpo e da alma. Para isso, os embates, conflitos e sobreposições de perspectivas devem ser incorporados em tais processos curativos, nunca estáticos e sempre mediados pela experiência”, afirma.
Tania Salgado Pimenta enfatiza que o livro apresenta um panorama dos estudos atuais sobre as artes de curar no Brasil, enriquecido com análises que abrangem a Argentina e a Península Ibérica.
“Os estudos que compõem este livro sobre as artes de curar contribuem para a ampliação e o aprofundamento das análises sobre o tema ao demonstrarem que as pessoas que exerciam as diversas artes de curar sem formação acadêmica não possuíam um perfil único e homogêneo. Curandeiros, parteiras, sangradores são exemplos de ofícios que abrigam atuações e formações baseadas mais ou menos nas tradições africanas, indígenas ou europeias”, esclarece.
De acordo com a pesquisadora, “contemplando as circularidades e a repressão que acompanham as artes de curar, a leitura dos capítulos é um convite a refletirmos sobre a importância dessas práticas e ofícios de cura para a saúde das populações ao longo do tempo e para compreendermos melhor a própria história da saúde.”
O livro está à venda em livrarias e nos sites da Amazon e da Hucitec Editora.
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