A gripe espanhola nas entranhas do sertão paulista

Dezembro/2023

Instigada pela historicidade do momento pandêmico e pela dialética das durações do tempo na história, Anna Cristina Rodopiano de Carvalho Ribeiro levantou, entre 2021 e 2022, uma vasta documentação histórica dos anos de 1918 a 1938 sobre a gripe espanhola em acervos em Botucatu, SP. A historiadora analisou jornais, fotografias, documentos oficiais e até um diário pessoal para a sua pesquisa de doutorado no Programa de Saúde Pública do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Cruz Vermelha de Botucatu em 1924 Autoria: Pinto da Rocha Fonte: Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Francisco Blasi (MuHP), Botucatu,SP, Brasil

Cruz Vermelha de Botucatu em 1924 Foto: Pinto da Rocha. Fonte: Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Francisco Blasi (MuHP), Botucatu,SP, Brasil

Intitulada “Dos fios nas fibras, dos rastros nas fímbrias: a Gripe Espanhola no Sertão Paulista. Botucatu-SP, 1918-1938”, a pesquisa é um desdobramento da dissertação de mestrado “Entre alcunhas, altares e alcovas: a Gripe Espanhola na boca do Sertão Paulista. Botucatu, 1918”, sob orientação de Maria Cristina da Costa Marques (FSP-USP).

No artigo Rastros epidêmicos nas fímbrias da dor: a memória da gripe espanhola na perspectiva da história local, Botucatu (SP), 1918, publicado na revista HCS-Manguinhos (v. 30, supl. 1, out/2023), Anna Cristina Rodopiano e Cristina Marques articulam memória individual e coletiva às significações históricas, especificidades locais e idiossincrasias paulistas na conjuntura política e de saúde pública do período. Elas concluem que a epidemia continuou expressando-se não só na memória da dor, nas reconfigurações de ritos fúnebres e de estratégias assistenciais, mas também nas dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas da cidade, conformando-se como um acontecimento histórico de longa duração.

“A epidemia de gripe espanhola não encontrou seu fim, mas sim incorporou-se às entranhas da sociedade”, afirma Anna Cristina. O artigo integra o suplemento Covid-19 na América Latina: conflitos, resistências e desigualdades, disponível gratuitamente no SciELO.

Leia na revista HCS-Manguinhos:

Rastros epidêmicos nas fímbrias da dor: a memória da gripe espanhola na perspectiva da história local, Botucatu (SP), 1918, artigo de Anna Cristina Rodopiano de Carvalho Ribeiro e Maria Cristina da Costa Marques (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 30, supl. 1, out/2023)

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