Junho/2019
Entrevista de Cristiane d’Avila com Simone Kropf para o Café História
No dia 24 de maio de 2019, uma decisão da 72ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, na Suíça, atendeu ao clamor da Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas (FINDECHAGAS). Desde sua fundação em 2010, o grupo vem se mobilizando para a criação de uma data símbolo da luta contra a enfermidade. Com apoio da comunidade científica e da saúde, a entidade levou a pauta ao encontro e obteve o sucesso almejado: a assembleia, que reúne delegações dos estados-membro da Organização Mundial da Saúde (OMS), instituiu o 14 de abril como Dia Mundial da Doença de Chagas.
A data de 14 de abril é marco de um evento que merece ser lembrado a cada ano. Neste dia, no ano de 1909, Carlos Chagas, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), descreveu em Lassance (Minas Gerais) o primeiro caso clínico da doença que leva seu nome, a menina Berenice, de apenas dois anos de idade. A enfermidade era causada pelo Trypanosoma cruzi, também descrito por ele poucos meses antes, e transmitida por um inseto conhecido como “barbeiro”, muito comum nas casas de pau-a-pique típicas das populações pobres nas áreas rurais.
A ‘tripla descoberta’ – a doença, o causador e o transmissor – foi comemorada como um marco da ciência brasileira. Em seus estudos, Chagas assinalava que esta era a “doença do Brasil”, não apenas por sua importância epidemiológica, mas sobretudo porque representava os males do Brasil rural, marcado pelas más condições de vida e de saúde e pelo abandono por parte do poder público.
No ano em que a Fiocruz celebra 119 anos de fundação e 110 anos da descoberta da doença, a historiadora e pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC), Simone Petraglia Kropf, aponta como a história da doença de Chagas (e de seu reconhecimento como fato médico e problema de saúde pública) é um caso exemplar das relações entre ciência e sociedade.
Com base em pesquisas no arquivo pessoal de Carlos Chagas e em vários outros acervos sob a guarda do Departamento de Arquivo e Documentação da COC, Kropf escreveu livros e artigos sobre Carlos Chagas e a história da doença e comenta, em entrevista, os principais aspectos desta história e da importância do 14 de abril para dar visibilidade ao agravo, que acomete mais de oito milhões de pessoas em todo o mundo.
Leia a entrevista completa no Café História
Leia em HCS-Manguinhos:
Edição comemorativa ao centenário da descoberta da doença de Chagas, editada por Simone Petraglia Kropf e Dominichi Miranda de Sá (vol.16, suppl.1, jul 2009)
Carlos Chagas na “guerra dos rios”: a passagem da comissão do Instituto Oswaldo Cruz pelo rio Iaco (Alto Purus, território federal do Acre, 1913), artigo de André Vasques Vital (vol.25, no.1, mar 2018)
O sertão remediado: o embate entre a elite goiana e o pensamento sanitarista, 1910-1920, artigo de Sandes, Noé Freire Sandes e Vera Lúcia Caixeta (vol.23, no.2, jun 2016)
Malária como doença e perspectiva cultural nas viagens de Carlos Chagas e Mário de Andrade à Amazônia, artigo de Nísia Trindade Lima e André Botelho (vol.20, no.3, set 2013)
Doença de Chagas, doença do Brasil, artigo de Ivan da Costa Marques. (vol.20, no.1, mar 2013)
Carlos Chagas e os debates e controvérsias sobre a doença do Brasil (1909-1923), artigo de Simone Petraglia Kropf (vol.16, suppl.1, jul 2009)
A viagem científica de Neiva e Penna: roteiro para os estudos das doenças do sertão, artigo de Joffre Marcondes de Rezende (vol.16, supl.1, jul 2009)
Fotografia e valor documentário: o arquivo de Carlos Chagas, artigo de Aline Lopes de Lacerda (vol.16, supl.1, jul 2009)
The reception by French physicians of Chagas’ discovery of Trypanosoma cruziand American trypanosomiasis (1909-1925), artigo de Gabriel Gachelin and Annick Opinel (vol.16, supl.1, jul 2009)
The discovery of Trypanosoma cruzi and Chagas disease (1908-1909): tropical medicine in Brazil, artigo de Simone Petraglia Kropf e Magali Romero Sá (vol.16, supl.1, jul 2009)