A plenos pulmões

Agosto/2014

Marcio Magalhães de Andrade e Paula Arantes Botelho Briglia Habib * Produzir trabalhos interessantes e acessíveis ao público leigo continua a ser um grande desafio para os historiadores. Imagine, então, falar sobre o que amedronta e mexe com o imaginário das pessoas há séculos. O projeto História do Câncer: atores, cenários e políticas públicas topou o desafio e analisou as políticas públicas do passado sem perder de vista a preocupação de ajudar a pensar melhores estratégias de abordagem do problema no presente. E isto não é clichê de professores de história para seus alunos! Das antigas experiências documentadas, a equipe tirou lições sobre o que parece mais adequado ou não para uma política contemporânea de controle do câncer.
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Paineis sobre indústria do tabaco, seios na arte e câncer de colo do útero da exposição do projeto. Clique nas imagens para vê-las ampliadas.
  Exemplo: o rastreamento do câncer de mama não está limitado à realização apenas da mamografia; além disso, existem controvérsias no balanço entre benefícios e riscos em diferentes faixas etárias e pouca informação às pacientes sobre os potenciais malefícios da mamografia. Outro exemplo: em tempos de mania por vacina – uma verdadeira febre – recordar as campanhas promovidas pelo INCA e pelo Ministério da Saúde reforça a importância do exame Papanicolaou na prevenção ao câncer de colo de útero, intimamente relacionado à infecção pelo vírus HPV. O grupo de pesquisadores, composto por historiadores, um médico sanitarista e um oncologista, trabalha em sintonia com equipe multidisciplinar do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, que lhe forneceu dados e orientações. Desta parceria resultaram publicações e exposições de caráter histórico orientadas para a educação e informação em saúde.

Atualmente estão em uso três exposições histórico-educativas: uma sobre o controle do câncer de colo do útero, outra sobre o controle do câncer de mama e a terceira sobre o controle do tabaco no Brasil. Produzidas em painéis físicos e virtuais, as exposições são apresentadas em espaços com grande circulação de público e já foram montadas em vários bairros cariocas e estados brasileiros. É um belo exemplo de como a história pode extrapolar os muros acadêmicos e, em parceria com a saúde pública, conquistar mentes e corações.

No dia 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, a exposição sobre o tema estará montada na Biblioteca de Manguinhos, no Rio de Janeiro, onde ficará por duas semanas. É mais uma oportunidade para promover o material, sobretudo para jovens e mulheres que continuam a ser alvos preferenciais da indústria do tabaco. Divulguem o evento a plenos e desenfumaçados pulmões. * Marcio Magalhães de Andrade e Paula Arantes Botelho Briglia Habib são pesquisadores do projeto História do Câncer: atores, cenários e políticas públicas. Eles publicarão, na seção Imagem da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, o artigo “Conhecimento itinerante: a produção e circulação de exposições sobre as políticas de controle do câncer no Brasil”. Leia mais: Câncer: estudos sobre mitos, crenças e comportamentos permitem aprimorar intervenções O oncologista Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva defende a formação de grupos de pesquisa interdisciplinares nas instituições de saúde.   capa_cancerConheça nossa edição especial “Câncer no século XX: ciência, saúde e sociedade” Como citar este post [ISO 690/2010]: A plenos pulmões. Blog de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. [viewed 29 August 2014]. Available from: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-plenos-pulmoes/