Março/2013
Guilherme Freitas | Blog Prosa, O Globo
Em agosto de 1944, um grupo de prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ocupada pelos nazistas, elaborou um plano desesperado para tentar fazer chegar ao mundo em guerra notícias do horror que viviam. Eles eram membros do Sonderkommando, o “comando especial” formado por judeus forçados a trabalhar nas câmaras de gás. Com apoio da Resistência polonesa, contrabandearam uma máquina fotográfica, e um prisioneiro anônimo conseguiu fazer quatro imagens, despachadas para fora do campo em um negativo escondido em um tubo de pasta de dente.
Mesmo desfocadas e tomadas por grandes áreas de sombra (pois o prisioneiro precisou se esconder nas câmaras de gás para fotografar sem ser visto), essas imagens são o registro visual mais explícito que se conhece do inferno dos campos. Em duas delas, é possível ver homens caminhando entre pilhas de corpos incinerados ao ar livre. Em outra, um grupo de mulheres nuas é conduzido para o crematório. A quarta é pouco mais que um borrão.
O filósofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman tem se dedicado a analisar essas fotos e, mais que isso, a debater a maneira como historiadores, instituições (e o público em geral) lidam com as imagens e as memórias do Holocausto. Esse é o tema de dois de seus ensaios mais importantes, recém-publicados em português: “Imagens apesar de tudo”, de 2004, em edição do Projeto Ymago (www.proymago.pt), e “Cascas”, de 2011, incluído no novo número da revista “serrote”.
Fonte: Caderno Prosa, O Globo, em 16/03/2013
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