Julho/2025
“A destruição ou mau gerenciamento dos manguezais leva a um empobrecimento catastrófico, repentino ou gradual, da faixa litorânea tropical. Não somente serão perdidos os rendimentos dos manguezais e seus arredores, como também serão perdidos os benefícios indiretos. As maiores perdas estão sempre na área da saúde e educação da população humana, na queda da produção pesqueira, na perda cultural de sabedoria tradicional e no desaparecimento sub-reptício de todos os serviços que os manguezais saudáveis prestam silenciosa e ininterruptamente. Cortem-se os manguezais e não haverá somente desertos, mas, pior ainda, haverá desertos poluídos”
(VANNUCCI, 2002).
Dia 26 de julho é o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, ou Dia Internacional para a Conservação do Ecossistema de Manguezais, instituído pelas Nações Unidas para promover a conscientização sobre a importância desses ecossistemas costeiros e a necessidade de sua proteção.

Manguezais de Nova Viçosa. Foto: Heris Luiz Cordeiro Rocha. Fonte: Wikimedia
Um dos ecossistemas mais eficazes na captura de gases de efeito estufa, os manguezais também atuam como estabilizadores do carbono orgânico do solo, revelou um recente estudo brasileiro publicado na Nature Communications, conforme noticiou a Agência Fapesp.
A revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos tem três artigos publicados que abordam a importância da conservação dos manguezais para as pessoas, o meio ambiente e o clima da Terra.
O primeiro é a nota de pesquisa Reflorestamento de manguezais e o valor de resgate para o seqüestro de carbono atmosférico, de Sérgio de Mattos Fonseca e José Augusto Drummond. Publicado em 2003, o texto já afirmava a relevância do reflorestamento de manguezais para projetos de sequestro de carbono atmosférico, dentro dos princípios do mecanismo de desenvolvimento limpo, definidos em arenas técnicas e políticas internacionais na Convenção de Mudanças Climáticas.
Os autores descrevem um projeto de pesquisa que incluía um estudo de caso na laguna de Itaipu (Niterói, RJ), cujo objetivo era selecionar e fazer medições preliminares de parâmetros ecológicos e socioambientais relevantes para a valoração econômica e financeira dos benefícios do reflorestamento.

Marta Vannucci em 2019. Foto IOUSP.
No artigo “‘Uma dádiva das marés’: os estudos sobre manguezais da cientista Marta Vannucci em sua trajetória internacional, 1969-1989” (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 27, n. 1, 2020), Alex Gonçalves Varela explora a obra e a trajetória internacional de Marta Vannucci, nascida em 1921 e considerada uma das mais importantes cientistas brasileiras, com diversos artigos e livros publicados. Primeira mulher a se tornar membro da Academia Brasileira de Ciências, a pesquisadora faleceu em 15 de janeiro de 2021, aos 99 anos. É dela a citação que abre este texto. Saiba mais.
Já no artigo No meio do caminho havia um mangue: impactos socioambientais da estrada Bragança-Ajuruteua, Pará (História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 25, n. 2, 2018), os historiadores Marcus Vinicius Cunha Oliveira e Márcio Couto Henrique problematizam os impactos ambientais da construção da estrada PA-458 para a criação de um balneário, que levou ao aterramento de 26 quilômetros de manguezal.
Leia no Blog de HCS-Manguinhos:
“Uma dádiva das marés”: os estudos sobre manguezais da cientista Marta Vannucci em sua trajetória internacional, 1969-1989, artigo de Alex Gonçalves Varela (HCS-Manguinhos, v. 27 n. 1, jan/mar 2020)
No meio do caminho havia um mangue: impactos socioambientais da estrada Bragança-Ajuruteua, Pará, artigo de Marcus Vinicius Cunha Oliveira e Márcio Couto Henrique (HCS-Manguinhos, v. 25, n.2, abr/jun 2018)
Reflorestamento de manguezais e o valor de resgate para o seqüestro de carbono atmosférico, artigo de Sérgio de Mattos Fonseca e José Augusto Drummond (HCS-Manguinhos, v. 10, n. 3, dez 2003)